A sociedade está vivendo em plena revolução digital e já não soa estranho aos médicos aparelhos de ultrassonografia portáteis; dermatoscópios, oftalmoscópios e estetoscópios para smartphones ou tablets; e monitoramento cardíaco por relógios inteligentes. A necessidade de definir o que é e quais os propósitos e limites da Telemedicina vem ao encontro de atender a uma demanda da sociedade, que é fruto da evolução tecnológica. Para conceituar a Telemedicina os conselheiros do Cremesp receberam Chao Lung Wen, professor associado e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e o médico Hong Jin Pai, referência nacional no tratamento e pesquisa na área de acupuntura, em plenária temática realizada no dia 7 de fevereiro.
“Temos que tentar entender os rumos da Telemedicina, aprender, avaliar e depois formalizar uma opinião a respeito. Caso contrário, repetiremos o que observei no início da Medicina alternativa no Brasil, vista com maus olhos pelos colegas médicos”, disse Hong Jin Pai, convidado dos conselheiros para o evento.
“O segredo do sucesso não é prever o futuro. É preparar-se para um futuro que não pode ser previsto”, afirmou Wen, em uma pensata sobre a necessidade de modernização da área médica. Ele discorreu sobre o que acontecerá no cenário da Medicina nos próximos anos.
Medicina Conectada
Para Wen, a Telemedicina seria melhor conceituada como Medicina Conectada, ou seja, um instrumento online para a troca de informações, agilidade das decisões e condutas e aceleração da resolução de problemas dos pacientes, cuidando deles mesmo que dentro de suas casas. “A Tecnologia não reduz custos, mas aumenta a eficiência e elimina o desperdício”, destacou. Ele explicou que, diferente de tecnologia, que se trata apenas de utilização do meio eletrônico, a Telemedicina envolve os conceitos de segurança, logística e provimento de dados. E seu limite dependerá da especialidade médica, já que cada uma tem suas especificidades. “Serão os especialistas que poderão definir até onde ir e a qualidade de cada serviço da Telemedicina. Temos que criar padrões porque, sem eles, haverá confusões”, explicou.
“A verdadeira Telemedicina tem que ser responsável, eficiente e sustentável, com fundamentos ético-jurídicos, normas e segurança digital, acreditação de serviços e monitoramento periódico, com uma regulamentação que possa deter os exageros e a mercantilização”, disse.
Ética e bioética digitais
Wen enfatizou que Telemedicina envolve a ética e bioética digitais, demonstrando sua preocupação com a formação dos médicos em relação à quebra do sigilo, banalização de dados sensíveis e vazamento de informações e imagens de atos médicos que encontramos na internet e redes sociais. Ele também mencionou que a comunicação na Medicina Conectada deve ser clara e simples, ressaltando a importância fundamental do termo de consentimento esclarecimento, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. E ainda atender a uma logística e planejamento de eficiência de serviços, cuidados integrados de saúde, formação de recursos humanos e renovações tecnológicas. Além de estabelecer fluxos de serviços e rotinas, com a padronização e sistematização de processos, telepropedêutica, registro digital seguro, auditoria e reuniões clínicas.
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