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    26-07-2017

    Artigo

    Confira o artigo de Mauro Aranha, ex-presidente do Cremesp, "Palavras ao tempo"

     

    I.

    Há cerca de 80 anos, Sérgio Buarque de Holanda, cravou, no entremeio narrativo de “Raízes do Brasil”, a verdade mais profunda e atemporal do homem dessa terra multicentenária e tropical. O “homem cordial”: do latim cordis , mais que afável ou afetuoso, homem que age, também na vida pública, conforme laços e preferências do próprio coração.

    Destarte, disse o insigne historiador: “um dos efeitos decisivos da supremacia incontestável, absorvente, do núcleo familiar - a esfera, por excelência, dos chamados contatos primários , dos laços de sangue e de coração – está em que as relações que se criam na vida doméstica sempre forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Isso ocorre mesmo onde as instituições democráticas, fundadas em princípios neutros e abstratos, pretendem assentar a sociedade em normas antiparticularistas.”.

    Mais tarde, o diplomata e escritor Alberto da Costa e Silva arrematou, insofismável e definitivo: “Acentuou-se no Brasil a propensão lusitana para confundir os domínios do privado e do público, este constantemente invadido por aquele. Os valores afetivos impuseram-se sobre os da razão coletiva. E o compadrismo tornou-se norma. Bem como a total ausência de solidariedade e responsabilidade fora dos laços de família. Aí estavam as raízes do atraso brasileiro”.

    II.

    Eu, agora, colegas, vos digo. Não falo de hoje, falo de estruturas, as mais imóveis e coesas da Nação.

    O mais são consequências nefastas: nepotismos, corporativismos, trusts, tráficos de influência, populismos à direita e à esquerda. E corrupção.

    Patrimonialismo e podridão.

    Não falo de partidos. Não falo de José, ou de João. Falo de uma sina impregnante cujo avesso é a utopia, a esperança, o trabalho, a construção.

    Construção de oportunidades (para todos), isonomia, justiça distributiva, políticas afirmativas, compensatórias, desde as iniquidades e vulnerabilidades históricas, ou as de ocasião.

    Falo de fraternidade: desconstrução de ressentimentos, mágoas, iras, ataques, vinganças, mediante o mútuo reconhecimento dos erros, a promessa cooperativa de acertos e, entre eles, o perdão.

    Liberdade e igualdade. Entre elas, conforme estruturas, contextos e acontecimentos, a justa e harmoniosa proporção.

    Falo de um projeto de país. De educação e saúde. O mais, se desdobra em virtude, se houver entre todos boa vontade, esforço e união.

    Falo de um futuro longínquo.

    É isso que penso. Se penso, é o que faço. Desculpem-me a teimosia: ou é isso, ou é não.

    III.

    Doravante, fico por aqui.

    Agradeço a todos. Conselheiros, delegados, funcionários. À minha família, pela torcida e concessão.

    Agradeço ao Lavínio, sua fidelidade e trabalho. Desejo-lhe o sucesso e lhe ofereço cooperação.

    No mais, deixo a voz do poeta falar:

    “Sobre o tempo

    aprendi

    o tempo de ser

    presença e passagem.

    Não pelos carros

    cruzando avenidas,

    nem pela morte,

    ou a infância perdida.

    Sobre o tempo

    aprendi

    o tempo de ser,

    mais que outrora

    ou porvir,

    aqui.

    E aprendi no poema

    minha exata medida.

    Quem o ler

    compreenda

    que enquanto escrevo

    deixo de ser

    e já não sou

    na palavra lida".

     

    Obrigado.

     

    Mauro Aranha

    21/07/2017


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