Amplo debate sobre a crise no Hospital Universitário reuniu representantes
de instituições de Saúde e Ministério Público de São Paulo
A complementação de verba do Estado para custeio do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), em função do atendimento externo realizado na Zona Oeste, e a contratação dos profissionais da área assistencial pela universidade foram algumas das propostas que o Cremesp fez ao Ministério Público de São Paulo (MP), em relação à crise da instituição estadual de saúde. O presidente do Cremesp, Mauro Aranha, participou da rodada de negociações, no dia 13 de setembro, juntamente com representantes do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP), Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Sindicato dos Funcionários da USP (Sintusp), Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) e de faculdades e entidades estudantis, sob a coordenação do promotor de Justiça, Arthur Pinto Filho. As propostas serão encaminhadas ao reitor da USP, com solicitação de agendamento de reunião com o governador Geraldo Alckmin para discutir a questão do HU.
Os participantes debateram a crise do hospital, decorrente da insuficiência de repasse de recursos e o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) a funcionários e técnicos da USP, incluindo os do HU, proposto pelo Conselho Universitário da USP, como medida para contenção de gastos. “A falta de verbas é um problema que atinge todas as instituições públicas. A atual política do governo coloca o SUS em situação de extrema fragilidade. É um momento de grandes dificuldades, mas temos de fixar uma proposta conjunta comum para ser levada ao governador do Estado”, disse o promotor.
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo HU estão a insuficiência de recursos repassados ao hospital pelo governo do Estado, que tem levado à escassez de medicamentos e demais insumos, à falta de leitos, ao atraso no encaminhamento de pacientes – com adiamento de cirurgias e outros procedimentos – e à falta de funcionários, colocando em risco a saúde de pacientes e a segurança dos profissionais devido ao estresse durante o atendimento.
Terceirização
O presidente do Cremesp também manifestou-se contrário ao PIDV. “É preciso estancar algo que não pode ser mais sangrado; ao contrário, requer-se que a Universidade volte a recompor seus recursos humanos” alertou Aranha. Ele sugeriu ainda que o Estado participe do custeio do Hospital Universitário na medida em que este presta atendimento externo à população da Zona Oeste.
Reuniões
“Em todos os encontros promovidos com os diretores clínicos de hospitais da rede SUS do município de São Paulo, sejam da administração municipal ou estadual, o relato é de prontos-socorros lotados, sem disponibilidade de vagas na rede, contingenciamento de 20% dos leitos de internação, adiamento de procedimentos eletivos cirúrgicos, com agravo das condições de saúde dos pacientes, riscos éticos dos profissionais de Saúde devido à pressão, além da violência a que estão expostos os profissionais que atuam na ponta do sistema. A situação é muito grave”, disse Aranha.
De acordo ainda com o presidente do Cremesp, esses dados registrados serão tabulados para, posteriormente, serem levados ao conhecimento de gestores públicos e secretários de Saúde estadual e municipal. “Não podemos trabalhar com lógicas eleitorais ao discutir uma questão caótica a afetar o legítimo interesse público. A crise na Saúde já chegou ao limite do suportável. E é lamentável que não tenhamos, até o momento, um empenho maior do Poder Público para uma proposta de solução”.
Fotos: Gabriela Miranda
Tags: Hospital Universitário, crise, saúde pública, Ministério Público.
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