Um grupo de 113 médicos residentes do Departamento de Cirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo decidiu suspender suas atividades a partir de segunda-feira (22), em razão do número expressivo de pacientes que aguardam cirurgia eletiva e que não podem ser operados, principalmente aqueles com câncer.
Além dos residentes da unidade estarem impossibilitados de realizar as cirurgias, também não conseguem remanejar esses pacientes para outros hospitais. A paralisação tem como objetivo justamente forçar a direção da instituição a dar uma solução para os pacientes que se encontram nesse impasse e que podem, por essa razão, ter seu quadro agravado com o avanço da doença.
Além do departamento cirúrgico, a equipe de residentes da Cirurgia Pediátrica, do Departamento de Pediatria, também aderiu à paralisação.
De acordo Guilherme Andrade Peixoto, um dos diretores da Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo (Ameresp) a situação atual da Santa Casa de São Paulo revela outros graves problemas para os residentes, como ter que comunicar ao paciente que ele não será operado, gerando revolta e indignação inclusive da família, reações que recaem exclusivamente sobre o residente; e a relação tensa com seus preceptores, que exigem o retorno ao trabalho mesmo sob essas condições de estresse e pressão. Para Peixoto, a suspensão das cirurgias eletivas também está afetando a formação dos médicos residentes e alerta: "há possibilidade de outros programas de residência da instituição também aderirem à greve pelos mesmos problemas, junto às áreas cirúrgicas."
A Ameresp está acompanhando de perto a situação dos residentes da Santa Casa, inclusive com sua assessoria jurídica, e realiza reuniões diárias, considerando que a instituição interrompeu o diálogo direto com os médicos, acionando somente a Comissão de Residência Médica da Santa Casa de São Paulo (Coreme) para fazê-lo.
Nesta quinta-feira, 25, está agendada uma reunião da Associação com a Coreme e os residentes da Santa Casa para tentar resolver todos esses impasses. Uma solução, rápida e emergencial, deverá beneficiar não apenas os médicos residentes, mas principalmente os pacientes, que buscam atendimento ético e humanizado por parte das instituições públicas de saúde.
CRISE
A Santa Casa passa pela maior crise de sua história. Com um dívida de R$ 868 milhões com fornecedores e credores, o hospital pleiteia um aporte financeiro de R$ 360 milhões do BNDEs e da Caixa Econômica Federal para conseguir retomar sua plena atividade.
Em nota, a instituição afirmou que o atendimento ambulatorial não foi afetado e que as cirurgias consideradas emergenciais, além dos exames laboratoriais e de imagem seguem sendo realizados normalmente.
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