Cremesp, Coren-SP, Samu e Grau: consenso sobre a necessidade
de melhor qualificar profissionais que atuam nas ambulâncias
Quantos profissionais de saúde devem compor a equipe de uma ambulância para atendimento emergencial? Como melhorar a formação e capacitação dos profissionais que atuam no setor? Estas e outras questões foram pautas de encontro realizado neste 16 de agosto entre o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP), o Serviço Móvel de Atendimento a Urgências (Samu) e o Grupo de Resgate e Atenção às Urgências (Grau).
Nesta segunda reunião sobre o tema Urgência e Emergência - a primeira foi em 12 de julho - participaram, além do conselheiro Renato Françoso Filho, coordenador da Câmara Técnica de Urgência e Emergência da Casa, Fabíola de Campos Braga Mattozinho, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (Coren-SP); Ademir Correia, Vagner Urias e Anailde Pereira de Castro (Samu); Carlos Eid, do Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul (CRM-MS); Jorge Ribeiro e Maísa Pereira Santos (Grau), e Luís Carlos Oliva de Paula (Samu-SP), entre outros. Também estiveram presentes membros da CT de Urgência e Emergência do Cremesp: Carlos Edval Buchalla, Celso de Oliveira Bernini, José César Assef, José Roberto Ferraro, Maria Cecília Damasceno e Milton Steinman.
Françoso abriu o debate sugerindo um aprofundamento das discussões sobre a composição e a formação das equipes que prestam o atendimento emergencial e pré-hospitalar. "A falta de profissionais treinados representa um grave problema que precisa ser resolvido", afirmou. Fabíola lembrou que "embora o Suporte Intermediário de Vida (SIV) já seja praticado por equipes que atuam na urgência-emergência na cidade de São Paulo, a Portaria 2048/2002, que normatiza e estabelece diretrizes dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, não condiz - em parte - com a realidade deste tipo de atendimento".
Ao ponderar sobre o número de profissionais de saúde que deveria compor a equipe de uma ambulância, os participantes lembraram que é preciso levar em conta o ideal, o atual e o possível. Atualmente, o suporte avançado de vida, realizado em uma ambulância, conta com um médico e um enfermeiro, além do motorista; no suporte básico atuam dois profissionais de saúde - não médicos – e o condutor do veículo. Foi lembrado que, embora a nossa realidade seja outra, na maioria dos países, inclusive nos Estados Unidos, o atendimento de urgência é realizado por dois profissionais de saúde experientes, e que se revezam como condutores da ambulância.
Em consenso, os presentes afirmaram ser impossível contar com a presença de um médico para cada unidade móvel por uma série de razões, entre elas a própria vocação profissional para este tipo de trabalho, que envolve estresse e desgaste emocional constantes. Para Françoso, "os profissionais, via de regra, não estão adequadamente preparados para atuar na cena emergencial e seria preciso capacitá-los com requisitos mínimos de formação para esta atividade que, sabidamente, implica em atributos físicos, psicológicos e conhecimento técnico. Além disso, há que se propor um plano específico de carreira para que haja estímulo na fixação dos profissionais nesta área.”
Há de se ressaltar, ainda, que o profissional, tanto médico quanto de enfermagem, saem das universidades com formação muito deficiente, inaptos para o atendimento das emergências. Assim, foi acordado entre os presentes que é preciso preparar e especializar o profissional que atua no sistema de atendimento pré-hospitalar, considerando que a competência é talvez requisito até mesmo mais importante do que definir o número de profissionais da saúde necessários por ambulância. "Focar a formação voltada para o atendimento emergencial na grade curricular da Enfermagem e da Medicina é imprescindível", acrescentou Françoso.
Segundo Fabíola, "é fundamental trabalhar uma política nacional direcionada para o atendimento da urgência e emergência, que dê amparo legal na formação específica do profissional de saúde atuante no setor, e que esteja realmente focada para o que acontece nos dias de hoje".
Para o conselheiro do Cremesp, é preciso documentar todas as propostas apresentadas nesta reunião para apresentá-las oficialmente e viabilizar uma nova legislação ou até mesmo definir melhorias na Portaria 2048, tornando factível a necessidade inadiável de alterações.
Ao final do encontro, foi formada uma comissão com representantes do Cremesp, Coren-SP, Samu e Grau, que irá discutir e propor quais os requisitos mínimos de conhecimento e habilidades que devem estar presentes na graduação do profissional de enfermagem que conduz as ambulâncias do atendimento básico. Este documento deverá ser apresentado e discutido posteriormente em um Fórum, com a participação de representantes da Secretaria de Saúde do Estado e dos cursos de Medicina e Enfermagem, além de outros personagens envolvidos no setor.
Fotos: Osmar Bustos
Tags: ambulâncias, atendimento, pré-hospitalar, emergência, urgência, graduação, especialização, enfermagem, Medicina.
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