Mauro Aranha (ao lado de Luna Filho): “Constatamos que 70%
das agressões se concentram em instituições de atendimento do SUS”
O secretário adjunto da SSP-SP, Sérgio Turra Sobrane, se comprometeu a tomar providências para operacionalizar as ações de combate à ameaça a profissionais de saúde. A decisão foi tomada após ouvir os relatos sobre os crescentes índices de violência relatados pelo presidente do Cremesp, Mauro Gomes Aranha de Lima, e do diretor 1º secretário, Bráulio Luna Filho; e da presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (Coren-SP), Fabíola de Campos Braga Mattozinho, e do vice-presidente Mauro Antonio Pires Dias da Silva, durante reunião no dia 20 de julho, na sede da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
Presente à reunião, o delegado de polícia titular da 1ª Divisão do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), César Camargo, dispôs-se a estruturar a recepção de queixas dos profissionais da saúde por meio dos Conselhos Regionais. “É preciso transmitir aos profissionais da Saúde a necessidade de denunciar os atos violentos aos Conselhos, para que esses dados nos sejam transmitidos, criando, assim, um canal de comunicação efetivo para nossas ações”, propôs o secretário-adjunto.
Pesquisa
Os representantes do Cremesp e Coren-SP apresentaram os resultados da pesquisa do Cremesp Percepção da Violência na relação médico-paciente — realizada pelo Datafolha, em setembro de 2015 — e discutiram com o secretário e delegado estratégias de combate à violência contra os profissionais da Saúde.
Também participaram do encontro a delegada de política da Assessoria Especial, Márcia Maria da Silva Gomes;, o representante da Delegacia Geral de Polícia, César Camargo, delegado de polícia titular da 1ª Divisão do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP); e a representante do Comando Geral da Polícia Militar, capitã Sylvia Kinskowski.
Índices de violência
“Há um ano e meio, resolvemos estudar o fenômeno cientificamente, e obtivemos amostragem bastante expressiva da população de médicos que foi vítima ou presenciou atos de violência”, afirmou Luna Filho. Conforme seu relato, o estudo do Cremesp mostrou que a agressão contra médicos vem ganhando cada vez mais expressão, tanto no sistema público quanto privado de saúde. No Estado de São Paulo, 47% dos médicos conhecem um colega que viveu algum episódio de violência por parte de pacientes. Outros 17% foram vítimas e tiveram conhecimento de colegas que viveram essa situação, sendo que 5% deles sofreram agressão pessoalmente. “Constatamos que 70% das agressões estavam concentradas em instituições de atendimento do SUS”, observou Mauro Aranha.
A pesquisa indicou que, tanto para os médicos quanto para a população, o fator desencadeante está na sobrecarga do sistema público de saúde, nas más condições de atendimento, com quantidade insuficiente de médicos e falta de capacitação e preparo dos profissionais para enfrentar situações estressantes. “Vivemos uma crise de autoridade no mundo e no Brasil, e o profissional médico está perdendo prestígio e admiração das pessoas em função da precariedade do atendimento público na saúde,” declarou o presidente do Cremesp.
De acordo com Silva, do Coren-SP, numa amostragem entre três mil profissionais de enfermagem, 30%, já haviam sofrido violência direta, por meio de ameaça ou agressão verbal ou física. O aumento no número de faculdades, com baixa qualidade de ensino – atualmente são cerca de 470 mil inscritos no Coren-SP, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem – e a precarização do sistema público de saúde são apontados por Silva como os responsáveis pelo aumento da violência contra esses profissionais. “A raiva se volta contra aquele que está na ponta do atendimento.”
Para aprofundar o levantamento de dados e formular as estratégias de combate à violência a pessoas desconhecidas, Sobrane sugeriu que a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) seja convidada a participar da próxima reunião de trabalho para apresentar os números que dispõe sobre as regiões que mais sofrem com a violência contra os profissionais da Saúde.
Fotos: Osmar Bustos
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