
Chikungunya e dengue foram temas do encontro cuja proposta foi alertar os profissionais de saúde sobre identificação de casos
Se o paciente está com suspeita de dengue e os exames não comprovam, a orientação aos profissionais de Saúde é que eles devem considerar que o caso apresentado possa ser chikungunya. Esta foi a orientação dada aos gestores municipais de Saúde no encontro promovido pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (CCD/SES), intitulado “Novos e velhos desafios: o Estado de São Paulo prepara ações para o enfrentamento da dengue e chikungunya”.
Marcos Boulos, conselheiro do Cremesp e coordenador do evento, esclarece que essa medida está sendo adotada devido à dificuldade no diagnóstico da doença, feito artesanalmente. No Brasil existem obstáculos para implementar o exame comercialmente.
Boulos acredita que esse é um momento importante para se debater o tema por ser o inicio do calendário epidemiológico . “Não estamos otimistas com a impossibilidade do chikungunya chegar a São Paulo, pois com a temporada de chuvas, os casos aumentarão, e é muito difícil diferenciá-lo da dengue”.
Políticas públicas
“Temos três grandes problemas, dois já representam uma realidade – a dengue e o chikungunya –, e o outro, o ebola, é uma preocupação nacional, apesar de não existir casos no País”, sintetizou David Uip, secretário estadual da Saúde. Ele acredita que o aspecto epidemiológico do Aedes aegypti já é conhecido, porém, as medidas adotadas não são suficientes porque a demanda é muito alta. “Somente com o apoio dos municípios poderão existir políticas eficientes e eficazes no combate ao mosquito”, resumiu Uip.
Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle de Doenças do Ministério da Saúde, acredita que o fato de no Brasil já existirem políticas públicas de combate à dengue, propicia que o enfrentamento ao chikungunya não será tão grave quanto o primeiro surto de dengue que ocorreu no Brasil em 1987. “Os outros países não possuem atividade de controle, como no Brasil. Entretanto, pode não ser suficiente para impedir a proliferação do vírus, mas impactará no combate ao chikungunya”, destacou Coelho.
“A dor articular nos casos da fase crônica do chikungunya pode durar até dois anos. Se acontecer grandes epidemias, não temos hospitais suficientes para atender a demanda diária que já existe e também cuidar de pessoas que procurarão atendimento por causa dessa eventual epidemia”, analisou Boulos. Ele também revelou que, na Venezuela, a taxa de mortalidade do chikungunya é maior do que a de dengue. Porém, essa preocupação não deve ocorrer no Brasil, pois apesar da dor ser intensa, o chikungunya não é uma doença grave.
Também estiveram presentes no evento Luis Antônio Peres, prefeito da cidade de Tapiratiba; José Fernando Casquel Monti, presidente do CONSEMS/SP; Dalton Pereira da Fonseca Junior, superintendente da SUCEN/SES, e autoridades de todo o Estado de São Paulo.

Colaborou: Rodrigo Carani Rodrigues (estagiário do Jornalismo do Departamento de Comunicação do Cremesp)
Fotos: Osmar Bustos
Tags: chikungunya, dengue, controle, doenças, Aedes aegypti.
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