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    05-05-2014

    Dia do Trabalhador

    Conselho Federal rebate declarações da presidente da República sobre profissionais brasileiros

    CARTA ABERTA À PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF

     

    Brasília, 1º de maio de 2014

     

    Excelentíssima presidente da República Federativa do Brasil

    Senhora Dilma Vana Rousseff

     

    Neste 1º de maio, data em que internacionalmente se comemora o Dia do Trabalhador, nós, médicos brasileiros, de forma respeitosa, expressamos nosso sentimento de tristeza e de indignação com comentários atribuídos à Vossa Excelência.

     

    De acordo com notícias publicadas pela imprensa, Vossa Excelência disse que "eles (médicos cubanos) são mais atenciosos que os brasileiros". Tal afirmação representa mais uma agressão direta e gratuita aos 400 mil profissionais que têm se empenhado diuturnamente no suporte às políticas de saúde e no atendimento à população nas redes pública e privada.

     

    Ao contrário do que foi dito, Senhora Presidente, a Medicina brasileira está entre as melhores do mundo. Seus representantes são referência internacional no diagnóstico e no tratamento de doenças e, apesar da ausência de estímulos do Estado e das parcas condições de trabalho, agem como heróis em postos de saúde, em ambulatórios e nos hospitais e prontos-socorros, constantemente abarrotados por cidadãos com dificuldade de acesso à assistência. 

     

    Talvez o desespero de alguns poucos médicos diante de uma demanda crescente, da ausência de suporte e da incompetência dos gestores cause a falsa impressão de insensibilidade. Na verdade, Senhora Presidente, são profissionais que foram brutalizados pelo Estado. Desmotivados e sem esperança, tentam seguir adiante sem as mínimas condições de exercer uma medicina de qualidade e nem de estimular uma boa relação médico-paciente.

     

    Cientes deste quadro, por meio de nossas entidades de representação, nós, médicos brasileiros, já lhe entregamos pessoalmente propostas para mudar essa realidade. Entre elas, estavam o aumento de investimentos em saúde, a modernização da gestão e a criação de uma carreira pública para os médicos e outros profissionais do SUS. Nunca obtivemos resposta. Apenas acompanhamos pela TV o anúncio de um programa de importação de profissionais que está longe de resolver de forma estruturante o caos da saúde.

     

    Os números mostram que a saúde pública brasileira está em crise. Os sucessivos relatórios e levantamentos (nacionais e internacionais) apontam um cenário de guerra, no qual médicos e pacientes são vítimas. Relembramos a Vossa Excelência apenas alguns dados e informações que dão uma pálida ideia do que o país atravessa.

     

    • O Brasil ficou em último lugar - entre 48 nações – num estudo internacional sobre a eficiência dos serviços de saúde, o qual cruzou dados do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Mundial da Saúde (ONU). A frente, ficaram países como o Chile, a Argentina, o Equador e a Argélia.


    • O governo é responsável por apenas 47% de tudo o que é gasto em saúde no país, segundo dados da OMS. Na média mundial, o setor público garante 56% dessa cobertura.Em países com sistemas universais como o brasileiro (Inglaterra, Canadá, Espanha, Portugal e França) ficam acima de 70%.

     

    • O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostra que, desde janeiro de 2010, foram desativados quase 13 mil leitos na rede pública de saúde, ou seja, uma média de 10 por dia. Os cortes têm prejudicado, especialmente, as internações nas áreas de psiquiatria (- 7.449 leitos), pediatria (-5.992), obstetrícia (-3.431) e cirurgia geral (-340).


    • Análise do orçamento da União prova que dos R$ 47,3 bilhões gastos com investimentos pelo Governo Federal, em 2013, o Ministério da Saúde foi responsável por apenas 8,2% dessa quantia. Do total de R$ 9,4 bilhões disponíveis para investimentos em unidades de saúde, em 2013, o governo desembolsou somente R$ 3,9 bilhões, incluindo os restos a pagar quitados (compromissos assumidos em anos anteriores rolados para os exercícios seguintes).


    • Os dados mostram ainda que nos últimos 13 anos (2001 a 2013) foram autorizados R$ 80,5 bilhões específicos para investimentos. No entanto, apenas R$ 33 bilhões foram efetivamente gastos e outros R$ 47,5 bilhões deixaram de ser investidos. Em outras palavras, de cada R$ 10 previstos para a melhoria da infraestrutura em saúde, R$ 6 deixaram de ser aplicados.


    • Com este recurso, seria possível adquirir 386 mil ambulâncias (69 para cada município brasileiro); construir 237 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) de porte I (43 por cidade); edificar 34 mil Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de porte I (seis por cidade) ou, ainda, aumentar em 936 o número de hospitais públicos de médio porte.


    • De acordo com dados oficiais, apenas 11% das ações previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para a área da saúde foram concluídas desde 2011, ano de lançamento da segunda edição programa. Das 24.066 ações sob responsabilidade do Ministério da Saúde ou da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), pouco mais de 2.500 foram finalizadas até dezembro do ano passado. Cerca de 50% das ações previstas ainda continuam no papel, ou seja, nos estágios de "ação preparatória", "contratação" ou "licitação".


    • Relatório sistêmico de fiscalização da saúde, elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), concluiu que, no que se refere ao tema da Assistência Hospitalar no SUS, existem problemas graves, complexos e recorrentes, relacionados a: insuficiência de leitos; superlotação de emergências hospitalares; carência de profissionais de saúde; desigualdade na distribuição de médicos no País; falta de medicamentos e insumos hospitalares; ausência de equipamentos ou equipamentos obsoletos, não instalados ou sem manutenção; inadequada estrutura física; e insuficiência de recursos de tecnologia da informação. De acordo com o órgão, 64% de 116 hospitais visitados apresentam taxa de ocupação da emergência maior do que a capacidade prevista, e em 19% essa situação ocorre com alguma frequência. Em apenas 6% não ocorre essa superlotação.


    • Relatório da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) – resultado de visitas a urgências e emergências de todo o país – confirmou o quadro grave no qual se encontram essas áreas do atendimento, classificado como de penúria sistêmica com falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de condições básicas para o atendimento, ferindo a dignidade e os direitos dos cidadãos brasileiros, previstos na Constituição Federal.


    Poderíamos elencar uma série de outros dados, informações e relatos que revelam este cenário desolador e que sugere a necessidade de ações imediatas por parte do Governo. Com certeza, o Brasil tem urgência de ser bem tratado e ignorar a realidade descrita de nada adianta. Para tanto, devem ser tomadas medidas efetivas, distantes do apelo midiático ou do marketing.


    Finalmente, acreditamos que mais que ninguém a Senhora pode testemunhar sobre a competência, o respeito e o carinho com que os médicos brasileiros tratam seus pacientes, acompanhando-os nas duras etapas do diagnóstico e tratamento até a cura.


    Por isso, não compreendemos como esse conhecimento íntimo de como nós agimos quando chamados à ação não seja lembrado pelo Governo até em oportunidades festivas como a de hoje, 1º de Maio, data na qual nós, médicos, assim como qualquer outro trabalhador, merecíamos ao menos o reconhecimento pelo que temos feito por todos os nossos pacientes – inclusive a Senhora – e pela saúde do país.

     

    Respeitosamente,

     

    CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA - CFM

     

    Tags: CFMrebatemédicosDilmaRoussef.

    Veja os comentários desta matéria


    Todo o desacerto na área da saúde, como em várias outras de âmbito nacional, decorre do fato de que deveria haver mínima competência de quem se proponha a administrar seja o que for, principalmente, em um pais como o Brasil. Se a solução de qualquer problema foi contaminada por elementos estranhos a ele, como ideologia e política partidária, o resultado dificilmente será satisfatório. Ás vítimas do sistema precário de saúde, queira o governo federal ou não, foram oferecidos médicos palidamente competentes profissionais da medicina.
    Márcio Augusto
    Sem comentários, meus irmãos brasileiros. Nós estamos na maior penumbra na Medicina, na Justiça e em outras prioridades. A Copa do Mundo não foi feita para nós e sim para povos com cultura. E cultura o governo não quer que os brasileiros tenham, pois aí eles não votariam.
    GELSON
    Prezados(as), Nós, seres pensantes (alguns, nem tanto!), devemos buscar a alegria de viver... sendo profissionais ou não, mas, desde sempre, sendo seres humanos, devemos, repiso, buscar a alegria de viver... em um país como o Brasil, gigantesca área que nos permite nascer, viver e morrer, devemos ser, a cada dia, melhores do que fomos no dia anterior... mas, não é isso que vemos, nestes dias... a Política Nacional envergonha-nos, e deixa muito a desejar... queremos trabalhar honestamente e quase todos nós desejamos o melhor, para nós e para nossos compatriotas... Afirmo, categoricamente, que toda pessoa deveria ter seus direitos e individualidades preservadas: e assim, a Saúde Humana não deveria ser enjeitada por aqueles que governam. Devemos, sim, lutar por melhorias; devemos, sim, exigir dignidade; devemos, sim, abstermo-nos das injustiças... para tanto, devemos compartilhar de nossos ideais, e responder aos que governam no lugar que eles sentem: as urnas!!! E vivam as eleições!!!
    Yuri Kovaliov
    Fácil perceber que no pais não só a saúde esta doente, mas sim todos os serviços básicos de atenção ao cidadão brasileiro, passando desde a segurança pública até a educação. E isso fica claro ao se ver o tal pronunciamento da chefe de Estado do pais, que mostra por suas palavras o desrespeito típico de pessoas que não foram adequadamente educadas, com sérias limitações para reconhecer os reais valores das pessoas, optando sempre por discursos hipócritas, desrespeitosos e eleitoreiros. Precisamos importar políticos honestos, competentes e acima de tudo, educados e respeitosos. Isso sim está faltando em nosso pais.
    Paulo
    Parabéns. Concordo, muito bem elaborado.
    Dulcilea
    Para tratar da própria doença ela precisou dos médicos brasileiros e agora ignora os profissionais que cumpriram a sua missão e atira pedra contra eles.
    Jose
    Deveria ser divulgado em todos os jornais do pais, facebook. twitter e demais redes sociais. Os brasileiros que não são cegos pela ideologia entenderam plenamente os argumentos técnicos e não políticos. Peço acrescentar que não há coordenação política integrada entre os Ministérios, pois a Previdência exige para o afastamento do trabalho com esforços físicos, a Guia de Internação do Ministério da Saúde, que demora mais de um ano para providenciar uma cirurgia de hérnia, por exemplo, e mais de 6 meses para uma RNM de joelho ou coluna lombar e a empresa de construção civil é obrigada a deslocar o trabalhador para outras funções, com o risco de o Ministério do Trabalho notificá-la por desvio de função...
    norberto
    A carta do CFM é objetiva e clara, mostrando a realidade que nós, médicos brasileiros, sofremos há anos. Deveria ser divulgada para toda a população brasileira e estrangeira, mostrando que a simples importação de médicos não resolverá o problema básico de infraestrutura que sofremos. Parabéns.
    HENRIQUE LEONI DORNAS

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