
Coletiva de imprensa: pesquisa mostrou insatisfação dos pacientes com operadoras e seguros saúde
Pelo menos oito em cada dez pessoas têm problemas com os planos e seguros de saúde suplementar, de acordo com pesquisa divulgada pela Associação Paulista de Medicina (APM), em parceria com o Datafolha, apresentada à imprensa neste 17 de outubro. Entre os 861 entrevistados que tinha utilizado o plano nos últimos 24 meses, 79% reportaram queixas, com uma média de problemas de 4,3 por pesquisado. Dos 10,4 milhões de usuários de planos privados, esse volume projetaria 8,2 milhões de pacientes com problemas.
A percepção dessas insatisfações está relacionada aos prontos-socorros (80%), consultas médicas (66%), exames e diagnósticos (47%), internações (41%) e cirurgias (24%). Florisval Meinão, presidente da APM, ressalta que o número maior de reclamações refere-se justamente a situações de gravidade, ou seja, aos atendimentos de urgência e emergência.
Relação com os médicos
Os usuários entrevistados pelo Datafolha aparentam entender a dificuldade na relação dos médicos com os planos de saúde, uma vez que 60% têm consciência de que as operadoras pagam valores baixos pelas consultas. Já 56% acham que os planos pressionam os profissionais para reduzir o tempo de internação e 53% que dizem que essas empresas colocam obstáculos ao trabalho do médico.
SUS X saúde suplementar
Por falta de atendimento no plano de saúde, 30% dos usuários declararam terem utilizado o serviço público (SUS) ou particular. Em relação à pesquisa Datafolha realizada em 2012, esse volume é 10 pontos percentuais maior, indicando a piora no quadro.
Reclamações formais

Ladislau: "principais queixas dos usuários referem-se diretamente aos planos de saúde e não aos médicos"
Apesar dessa situação, apenas 15% dos entrevistados fizeram reclamações formais, sendo 11% ao próprio plano, 2% ao Procon e 1% à ANS e 1% a outras instituições. Apenas 2% acabaram recorrendo à Justiça e ocorrências relacionados a cirurgias foram a principal motivação. Para João Ladislau, presidente do Cremesp, além do brasileiro não ter hábito de reclamar aos canais competentes, parte das queixas se revertem quando o problema é solucionado. “A pesquisa aponta que a insatisfação do usuário não é com os médicos, mas com os planos de saúde, geradores dessa condição”, comentou.
Veja, a seguir, os principais problemas relatados pelos usuários dos planos de saúde, segundo a pesquisa APM/Datafolha:
Prontos-socorros
- Local de espera lotado (74%);
- Demora para ser atendido (55%);
- Demora ou negativa para realização de procedimentos necessários (16%)
- Locais inadequados para receber medicação (13%);
- Negativa de atendimento (9%).
Consultas médicas
- Demora na marcação de consultas (52%);
- Médico saiu do plano (28%);
- Demora na autorização de consulta (25%).
Exames e diagnósticos
- Demora para marcação (28%);
- Poucas opções de laboratórios e clínicas especializadas (27%);
- Tempo para autorização do exame ou procedimento (18%).
Texto: Nara Damante
Fotos: Osmar Bustos