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    01-07-2013

    Isac Jorge Filho

    “Meio” médico é pior que nenhum

    “Melhor meio médico do que nenhum”. Esta frase tem sido repetida por aqueles que defendem a absurda tese de trazer médicos estrangeiros para o Brasil sem avaliar seus conhecimentos e capacidades. Tornou-se ainda mais usada quando escrita pelo jornalista Hélio Schwartsman em artigo da “Folha de São Paulo”.

    O desprezo para com a qualidade foi tão forte que levou a presidente do Centro Médico de Ribeirão Preto, Dra. Cleusa Cascaes Dias, a cancelar sua assinatura, de muitos anos, daquele jornal. É realmente revoltante, para quem vivencia a medicina e suas mazelas no Brasil, ouvir e ler afirmativas tão equivocadas da parte de formadores de opinião. “Meio” médico não tem valor algum. Ao contrário, tem valor negativo, pois é um agente perigoso, capaz de matar ou sequelar pessoas por desconhecimento de princípios básicos e incapacidade de procedimentos fundamentais. Este assunto demanda vários aspectos a serem discutidos. Vamos, hoje, nos fixar em dois.

     O primeiro diz respeito à ideia, que tentam impingir à nação,  de que nossos problemas de saúde são decorrência do baixo número de médicos, e, portanto, serão resolvidos com o simples aumento de profissionais.  Querem que se acredite que, ao aumentar o número total de médicos,  o problema maior será resolvido, que é o de sua distribuição. Não estão muito interessados em saber porque faltam médicos em centros pequenos e periféricos e porque sobram nos centros maiores.

    Querem que se acredite que, em pleno século XXI, a medicina continua exercida pelos heróicos médicos antepassados, que faziam o lhes era possível,  sem auxiliares e sem equipamentos. Querem realmente, para as populações periféricas, a medicina com um século de atraso. Mas, pior ainda, exercida por pessoas de qualificação tão duvidosa que não querem que sejam submetidas a exames de qualificação.

    Não querem enxergar que a eficiência em um sistema de saúde pública não depende apenas de médicos, mas de uma estrutura multiprofissional (e não se ouviu falar nada sobre trazer do estrangeiro enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e tantos outros) e de uma organização do serviço de saúde pública que inclua a existência de equipamentos básicos indispensáveis e um sistema de carreira que estimule os profissionais a escalarem degraus, como o que já existe em outras profissões.

    De que adianta colocar um médico em uma pequena cidade e não dar a ele as mínimas condições de trabalho, nem mesmo fios para suturas ou aparelhos modestos de RX? E ainda assim estamos pensando em um médico formado em Faculdade de Medicina autorizada e fiscalizada pelos ministérios “competentes”? O “competente” aqui vai entre aspas. E deve ser assim,  pois, o que pode se dizer de ministérios que abrem mão da sua prerrogativa de fiscalização e do controle de qualidade, propondo a contratação de médicos estrangeiros, sem passar por exames de qualificação? Na verdade isto mostra que não lhes interessa ter médicos inteiros, “meio” médico basta. Parece que é isso que querem para a saúde dos brasileiros: números e não qualidade.
     


    Isac Jorge Filho é médico, conselheiro e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.   

     

    Tags: trabalho médicocarreiraSUSremuneraçãocondiçõesSUSformação médicamédicos estrangeirosRevalida.

    Veja os comentários desta matéria


    Bons argumentos Dr. Isac Jorge. Não estamos na Idade da Pedra. A medicina é uma profissão regulamentada e seu exercício envolve responsabilidades deontológicas, administrativas, civis e penais. Nós, médicos, por um único ato, somos julgados em até quatro esferas. Aceitar meio médico significa dar legitimidade ao exercício ilegal da profissão, e se o Estado assim o faz, não pode depois queixar-se dos funestos resultados. O Estado que assim atua é coautor do dano e deve responder nas esferas deontológica e penal, o ministro e os gestores, e solidariamente, na esfera civil. De outro lado, o Hélio, um filósofo a quem respeito, tem liberdade de expressar-se, de errar e acertar, à sociedade compete diferenciar onde está o filósofo e refletir com ele, e também onde se encontra o sofista retórico e enfrentá-lo. A responsabilidade dos filósofos enfrenta somente o julgamento da História.
    Benedito Prado

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