
Diretores do Cremesp, ao lado de representantes de entidades médicas paulistas, durante a manifestação
“Saúde de qualidade”, “respeito ao trabalho médico”, “pela autonomia do médico, “sem saúde bucal não existe saúde”. Essas foram algumas das palavras de ordem que marcaram o Dia Nacional de Alerta aos Planos de Saúde, ato de protesto realizado por médicos, dentistas e fisioterapeutas contra os abusos dos planos e seguros de saúde, na manhã desta quinta-feira (25) ao longo de toda a avenida Paulista.
A manifestação, organizada pelas entidades médicas paulistas, contou com a participação do Cremesp, Associação Paulista de Medicina (APM), Sindicatos dos Médicos de São Paulo (Simesp), sociedades de especialidades médicas, além do Conselho Regional de Odontologia e da Federação Nacional de Associações de Prestadores de Serviço de Fisioterapia, entre outras entidades.

Renato, d'Ávila, Meinão e a conselheira da Casa Silvana Morandini
Os manifestantes ocuparam os cruzamentos ao longo da avenida Paulista, com faixas e bandeiras, para conscientizar a população sobre as dificuldades enfrentadas com as empresas de saúde. Nesses locais, houve distribuição de uma carta aberta e de saquinhos de lixo para carros com os dizeres: "Lugar de plano ruim é no lixo. Sua saúde merece respeito”. Após a realização de uma passeata ao longo da avenida, foram soltos cerca de duas mil bexigas pretas – simbolizando o luto pela saúde – em frente ao edifício da Gazeta. Em São Paulo, o atendimento eletivo a todos os planos foi suspenso, mas as urgências e emergências foram mantidas integralmente.
Bexigas pretas: simbolo do luto pela saúde
Após a manifestação, as lideranças médicas fizeram uma coletiva à imprensa na sede da Associação Médica Brasileira (AMB). Na ocasião, o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, destacou que a saúde suplementar funciona sobre um tripé sustentado pelos planos de saúde, prestadores de serviços - que incluem os médicos - e usuários. "É necessário que haja equílibrio na relação entre as três partes", afirmou Azevedo, complementando que hoje ocorre o contrário: os planos exploram o trabalho dos prestadores de serviço, negam procedimentos a pacientes e obtêm grandes lucros. O presidente do Cremesp ressaltou ainda que o grande crescimento do setor suplementar não foi acompanhado de aumento na disponibilidade de serviços, o que vem causando filas e longas esperas nas unidades de emergência. Para Azevedo, é preciso um novo pensamento sobre a saúde suplementar no Brasil e o governo deve intervir para que haja equilíbrio entre as partes envolvidas no tripé.

Caminhada pela Paulista: reivindicações de entidades médicas e de saúde
Entidades médicas exigem respeito aos profissionais e à população
Além de tornar pública a insatisfação com as inaceitáveis e recorrentes interferências dos planos de saúde no exercício da medicina, os profissionais também reivindicaram honorários justos e, especialmente, exigiram condições adequadas para uma assistência de qualidade aos pacientes.
“Hoje é o dia nacional de alerta aos planos de saúde que vêm obtendo lucros exorbitantes às custas dos prestadores, pois nos últimos anos essas empresas aumentaram em torno de 150% o valor das mensalidades dos usuários e as consultas médicas foram reajustadas em 45%, ou seja, as mensalidades aumentaram três vezes mais em relação aos valores das consultas e de outros procedimentos”, declarou João Ladislau Rosa, diretor de Comunicação do Cremesp. “Com isso, o valor dos honorários médicos foram extremamente achatados em relação ao que os usuários dos planos pagam pelos serviços, e essa diferença fica no bolso dos proprietários dos planos de saúde,” completou. Segundo Ladislau, as entidades médicas “vão continuar as negociações com os planos, visando recuperar os valores perdidos nesses anos todos”.
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto D´Avila prestigiou a manifestação em São Paulo e declarou que a população não pode mais aceitar o que os planos fazem com os médicos. “As pessoas precisam entender que o plano de saúde que não valoriza o médico não merece clientela. Assim como existe a tendência de os médicos deixarem os planos que pagam mal, penso que a sociedade precisa ser esclarecida que também deve migrar para planos que respeitem os médicos. O que nós queremos é isso: respeito”, concluiu.
“A maior preocupação da população é a saúde e nosso objetivo é mostrar que não existe possibilidade de se oferecer uma assistência melhor, sem a valorização daqueles que são os verdadeiros assistentes da população, como o médico, o dentista e o fisioterapeuta”, afirmou Jorge Machado Curi, vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).
“Hoje, quando a população necessita dos serviços, encontra dificuldade de acesso, com unidades de emergência lotadas, longas esperas para atendimento, demora na realização de exames complementares, de internação e cirurgias. Nosso objetivo, com este ato de protesto, é comunicar à população que isso está ocorrendo e que é preciso encontrar uma solução”, declarou Florisval Meinão, presidente da APM de São Paulo.
Este foi quinto protesto nacional dos médicos dos últimos 36 meses. Os anteriores ocorreram em 7 de abril e em 21 de setembro de 2011; e em 25 de abril e de 10 a 25 de outubro de 2012. As entidades defendem a retomada do diálogo que garanta o atendimento dos seguintes pontos:
1- Reajuste das consultas, a partir de critérios a serem definidos em cada Estado, tendo como referência a CBHPM em vigor;
2- Reajuste dos procedimentos, tendo como balizador a CBHPM em vigor (2012);
3- “Por uma nova contratualização, baseada na proposta das entidades médicas nacionais”;
4- Rehierarquização dos procedimentos, feita com base na CBHPM;
5- Apoio ao Projeto de Lei 6.964/10, que trata da contratualização e da periodicidade de reajuste dos honorários pagos aos médicos.
Por Aglaé Silvestre
Fotos: Osmar Bustos
Tags: alerta, planos, saúde, nacional, médicos, interferências, avenida.
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