Após ampla consulta aos alunos, o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Caoc), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), divulgou uma Carta Aberta na qual declara que “a prova feita pelo Cremesp se faz oportuna pela falta de uma avaliação eficaz, elaborada pelo MEC”. A Congregação da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (FCM-Unicamp), composta por representantes de professores, alunos, médicos-residentes e funcionários, também em comunicado público, afirma “achar interessante a participação” dos alunos “no atual exame proposto pelo Cremesp, não para endossá-lo, mas para ajudar a reconstruí-lo”. Ambos comunicados apontam a necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de avaliação das escolas médicas.
Embora críticos em alguns aspectos, os comunicados do Caoc e da Congregação FCM-Unicamp são favoráveis provisoriamente ao Exame do Cremesp, defendendo, entretanto, a criação de um sistema de avaliação mais abrangente, capaz de fazer frente aos graves problemas do ensino médico no país.
“Os alunos da Faculdade de Medicina da USP têm frequentemente contato com pacientes em mal estado de saúde, devido a uma péssima prática médica a que foram submetidos anteriormente. Perceber quais são as instituições responsáveis por estes absurdos é uma vantagem que estes exames fornecem, além de servir como um incentivo ao estudo geral e a melhora do ensino nas instituições”, diz o comunicado do Caoc.
Já a Congregação da FCM-Unicamp, “se propõe, em parceria com o Cremesp, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABEM (Associação Brasileira de Educação Médica), a contribuir para a criação de uma contraproposta de avaliação multidimensional do egresso do curso médico”.
O Caoc declara-se, ainda, a favor da realização de uma prova de avaliação obrigatória ao final do curso médico destinada a analisar, não somente o conhecimento do aluno individualmente, mas as escolas. “Todas as instituições que tencionem formar médicos têm um compromisso com a população. Um modo de mensurar a efetividade da instituição em levar a cabo tal dever é a implantação de uma avaliação contínua, abrangente e discriminativa - capaz de diferenciar a formação sólida da insuficiente”, diz texto do centro acadêmico da FMUSP.
Nos últimos meses, os conselheiros do Cremesp vêm participando de encontros com estudantes de Medicina de diversas instituições e universidades do Estado, para esclarecer o exame, que passou a ser obrigatório a partir deste ano. Nesses debates, os conselheiros procuram informar aos alunos que a avaliação não será aplicada para punir o recém-formado em Medicina, mas para conhecer e prevenir a má formação médica – fato associado ao aumento desproporcional de cursos autorizados pelo MEC, muitos deles sem critérios técnicos para a graduação de qualidade. O presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, que participou de boa parte desses debates, destaca que o resultado da prova não está condicionado à obtenção do registro profissional pelo recém-formado.
Em carta aos cerca de três mil inscritos no Exame do Cremesp de 2012, Renato Azevedo agradeceu a todos os participantes, destacando o compromisso ético e legal de que os dados e resultados pessoais serão confidenciais e sigilosos.
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