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    17-09-2012

    JC 296

    Em entrevista, Ricardo Meirelles (SBEM) alerta: "reposição hormonal não deve ser usada como terapia antienvelhecimento"

    O tratamento anti-envelhecimento, mais conhecido como terapia antiaging,  foi condenado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio de parecer comprovando a ausência de evidências científicas que justifiquem a prática. Embora a conclusão seja bem fundamentada, alguns profissionais continuam a defender a técnica da reposição hormonal para combater os sintomas do envelhecimento. Para discutir essa e outras questões ligadas aos avanços científicos na área da endocrinologia e metabologia, o Jornal do Cremesp ouviu o endocrinologista Ricardo Meirelles, atual presidente da Comissão de Comunicação Social da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), especialidade que conta com aproximadamente 2.550 médicos registrados em todo o país

    “Terapia hormonal não é tratamento destinado ao rejuvenescimento” 

     

    Os endocrinologistas são mais conhecidos por cuidarem de casos como a obesidade e diabetes. No entanto, tratam também da reposição hormonal. Quais as principais polêmicas enfrentadas nessa área?
    Em relação à Terapia Hormonal da Menopausa, a principal polêmica foi gerada pela publicação, em 2002, das conclusões do estudo Women’s Health Initiative. Esse estudo mostrou um aumento do risco relativo de câncer de mama, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e embolia pulmonar, com o uso de Estrogênios Equinos Conjugados e Acetato de Medroxiprogesterona, no tratamento da síndrome do climatério. Esse trabalho teve ampla repercussão na mídia, causando preocupação entre as mulheres que faziam uso deste tratamento e nos médicos que o prescreviam. Na realidade, embora fosse duplo-cego, randomizado e controlado com placebo, esse estudo se referia apenas a um único tipo de hormonioterapia e somente uma via de administração, o que não autorizava a extrapolação de suas conclusões para outras formas de terapia hormonal. Não é, entretanto, um tratamento destinado ao rejuvenescimento, e sim a melhorar a qualidade de vida das pacientes.

    Outra polêmica se refere ao uso de testosterona por homens com distúrbio androgênico do envelhecimento masculino ou andropausa. Havia um receio de que este tratamento pudesse causar câncer de próstata, mas não há evidências científicas que apoiem essa hipótese. Também é importante deixar claro que o objetivo do tratamento não é impedir o envelhecimento e sim corrigir uma alteração hormonal sintomática.

    A prática da reposição hormonal contra o envelhecimento tem crescido no Brasil? Como é a realidade em outros países?
    No Brasil tem crescido a propaganda da reposição hormonal como recurso antienvelhecimento e isso mexe com o imaginário de pessoas que almejam deter o avanço do tempo ou recuperar a juventude. Não é uma novidade. Nos tempos dos alquimistas buscava-se a Pedra Filosofal que permitiria obter o Elixir da Longa Vida. Os desbravadores das Américas sonhavam encontrar a Fonte da Juventude. Agora é em nome da ciência que se acenam, em todo o mundo, com propostas de rejuvenescimento.

    A principal crítica do parecer do CFM, que condena a reposição hormonal para combater o envelhecimento, diz respeito à falta de comprovação científica. Qual a posição da Sociedade a esse respeito?
    Assim como o CFM, a SBEM só avaliza condutas que tenham respaldo científico em trabalhos de pesquisa realizados com metodologia adequada e publicados em periódicos médicos consagrados.

    A reposição hormonal indicada para pessoas que buscam o rejuvenescimento pode colocar em risco a saúde do paciente? 
    Todo tratamento envolve benefícios e riscos. É sempre necessário avaliar esses dois aspectos, antes de instituir qualquer orientação terapêutica. Hormônios, particularmente, devem sempre ser prescritos por profissional habilitado no seu manejo, tendo em vista a multiplicidade de efeitos e interações que podem ocorrer. Como essas substâncias atuam simultaneamente em diversos órgãos e sistemas, é preciso conhecer suas ações e efeitos para estabelecer, em cada caso, sua necessidade e a dose a ser prescrita. Os níveis sanguíneos de diversos hormônios diminuem naturalmente com a idade. Em alguns casos, como na menopausa, essa diminuição fisiológica pode se associar a sintomas e alterações orgânicas que comprometem o bem-estar e a saúde da mulher, sendo indicada a terapia hormonal. Outras vezes, como no envelhecimento masculino, embora os níveis de testosterona diminuam progressivamente com a idade, nem sempre atingem concentrações que se associam com sintomas relacionados à sua deficiência e caracterizam um verdadeiro distúrbio androgênico, em que o tratamento pode se justificar.  A prescrição de testosterona em doses que excedam os limites fisiológicos pode causar os mesmos problemas verificados no hipogonadismo, ou seja, resistência insulínica, dislipidemia e obesidade abdominal, sendo que o excesso androgênico se correlaciona também à maior incidência de infarto do miocárdio, cardiomegalia, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral.  

    A eficácia da medicina ortomolecular, que envolve a suplementação com antioxidantes, vitaminas e sais minerais, também é questionada. Nesse caso, quais os riscos ou possíveis benefícios?
    A maioria dos trabalhos que apoia a prática da chamada medicina ortomolecular é constituída por experimentos em animais de laboratório ou em modelos biológicos de ciência básica. As pesquisas em seres humanos, entretanto, não têm corroborado as expectativas geradas pela experimentação básica.

    O CFM também não recomenda a cirurgia bariátrica para o tratamento do diabetes e síndromes metabólicas. E a SBEM?
    É indiscutível que a cirurgia bariátrica, quando indicada para tratamento da obesidade, traz benefícios metabólicos e melhora o controle do diabetes tipo 2. Não há evidências, até o momento, de que possa ser indicada para pacientes com peso normal, para o fim exclusivo de tratamento do diabetes.


    Veja a VERSÃO DIGITAL do JC nº 296 - set2012

     

     

     

    Tags: jornalmetabologiaendocrinologiaentrevistaricardo meirellesterapia hormonalenvelhecimento.

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