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CAPA

EDITORIAL (JC pág. 2)
Escolas médicas: é preciso suspender, temporariamente, a abertura de novas e estruturar as já existentes


ENTREVISTA (JC pág. 3)
Entrevista exclusiva com o ministro da Saúde sobre o PAC da Saúde e outros temas de interesse para a classe médica


ATIVIDADES (JC pág. 4)
Destaque especial para a realização do Seminário Periculosidade e Transtorno de Personalidade, dias 29/03 e 05/04


ATUALIZAÇÃO (JC pág. 5)
Programa de Educação Médica Continuada tem agenda movimentada na capital e no interior


ENSINO MÉDICO (JC pág. 6)
Cursos de Medicina: nova regulamentação deve passar por votação na Câmara dos Deputados


SALÁRIOS (JC pág. 7)
O levantamento do Cremesp sobre a (péssima) remuneração dos médicos no Estado continua...


ESPECIAL (JC pág. 8)
Acompanhe uma síntese das conclusões de pesquisa inédita do Cremesp sobre as especialidades médicas no Estado


ARTIGO (JC pág. 10)
A atenção ao portador de doença grave, aguda ou crônica, na visão de dois experts no tema


GERAL 1 (JC pág. 11)
Pesquisa realizada pela Uniad traz dados estarrecedores sobre embriaguez no trânsito das cidades e nas estradas


INDÚSTRIA (JC pág. 12)
Médicos e Indústria Farmacêutica discutem a relação, que passa por um período de amadurecimento...


GERAL 2 (JC pág. 13)
Conheça as novas resoluções do Conselho Federal de Medicina que beneficiam médicos e a população


ALERTA ÉTICO (JC pág. 14)
Laqueadura: acompanhe e esclareça algumas dúvidas, comuns aos médicos, sobre a realização do procedimento


GERAL 3 (JC pág. 15)
Entre as atividades realizadas pelo Cremesp neste mês, merece destaque a fiscalização do HSPE, em parceria com o Ministério Público Estadual


HISTÓRIA (JC pág. 16)
Hospital São Luiz Gonzaga e Hospital Padre Bento: a evolução histórica e marcante destes leprosários, hoje hospitais gerais


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Edição 246 - 03/2008

HISTÓRIA (JC pág. 16)

Hospital São Luiz Gonzaga e Hospital Padre Bento: a evolução histórica e marcante destes leprosários, hoje hospitais gerais


De leprosários a hospitais gerais

Nos anos 30,  São Paulo adotou o isolamento em massa como método de profilaxia para hanseníase e tuberculose. O primeiro asilo-colônia foi o Guapira, no bairro do Jaçanã (SP), hoje Hospital São Luiz Gonzaga. E, em 1931, foi construído o Sanatório Padre Bento. Inicialmente dedicaram-se exclusivamente ao tratamento da hanseníase e tuberculose, e atualmente atendem como hospitais gerais, registrando passagens de personagens ilustres e fatos históricos marcantes. Confira abaixo a história e a situação atual dos dois hospitais.

Hospital São Luiz Gonzaga

O Hospital São Luiz Gonzaga é uma instituição centenária. Foi inaugurado em 1904, com a transferência do antigo Hospital de Lázaros, com o objetivo de abrigar portadores da  hanseníase. Naquela época, essa doença, que era incurável e transmissível, transformara-se em um problema de saúde pública. Daí a idéia de se construir um sanatório distante do centro da cidade, já que havia muito preconceito contra a doença.

Inaugurado com o nome de Leprosário Guapira, o hospital foi durante muito tempo mantido pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e administrado por freiras. O primeiro diretor clínico foi José Lourenço de Magalhães e a primeira diretora foi a Irmã Superiora Marie Emerenciano, que atualmente dá nome a uma rua do bairro. O 4º diretor da instituição foi Emílio Ribas. Fazia parte de sua equipe Américo Brasiliense.

Outro médico também conceituado passou pelo local: Euriclides de Jesus Zerbini. Ele chegou ao São Luiz Gonzaga em 1937, como médico voluntário. Saiu de lá em 1953 como chefe do Departamento de Cirurgia Torácica. Foi durante esse período que Zerbini desenvolveu as técnicas para, mais tarde, fazer o primeiro transplante de coração da América Latina.

O hospital tratou da hanseníase até agosto de 1930. Abrigava na época uma média de 80 doentes, posteriormente transferidos para o Asilo Colônia Santo Ângelo, de Mogi das Cruzes. Em 1932, acabou rebatizado com o nome de São Luiz Gonzaga e passou a cuidar de outro mal da época, a tuberculose.  Vários remédios contra a doença foram testados no local e lá também realizou-se o 1.º Congresso Brasileiro de Tuberculose.

Muitas histórias são relatadas sobre o hospital, como a de um pinheiro que teria sido plantado por Monteiro Lobato, mas não se sabe se ele passou por lá como paciente ou como visitante. Nas décadas de 1930 e 1940 era comum os pacientes que tinham alta médica plantarem uma árvore nas dependências do centro médico. Outra curiosidade preservada são os painéis de pintores famosos, como Volpi, que ficam na área da maternidade.

Em 1968, o São Luiz Gonzaga transformou-se em hospital geral, já que então a tuberculose podia ser tratada ambulatorialmente. Devido a problemas financeiros, no fim da década de 1970, a instituição foi desativada mas foi reaberta em 1988 como hospital municipal. Atualmente passam pelo São Luiz Gonzaga cerca de 1.500 pessoas diariamente. O local atende moradores do entorno e de Guarulhos, sendo um dos hospitais mais importantes da região. Tem 280 leitos de internação e realiza 3 mil partos/ano.

Hospital Padre Bento

Há mais de 75 anos, portadores de hanseníase são atendidos no Complexo Hospitalar Padre Bento, de Guarulhos, fundado como Sanatório Padre Bento para internação compulsória de hansenianos em 1931. Na década de 80, entretanto, o hospital ampliou seu atendimento para outras doenças.

Com ambiente agradável, recebia, desde sua fundação, as pessoas com a doença em sua forma inicial, sem risco de contágio. As exceções para os casos graves existiam somente se indicados por políticos ou pessoas influentes. Um decreto de 1963, que proibia a internação obrigatória não era respeitado em São Paulo, onde continuaram, durante cinco anos, as prisões dos portadores da doença à mão armada.

De acordo com Mário Cezar Pires, diretor do serviço de dermatologia do Padre Bento, a mudança no modo de tratamento da hanseníase, da época em que não havia cura para hoje, foi lenta. “A primeira droga efetiva foi a dapsona, mas depois de alguns anos de uso percebeu-se que sozinha não levaria à cura completa. A partir da década de 80, iniciou-se a multidrogaterapia, que consiste no uso de dapsona, clofazimina e rifampicina”, esclareceu Pires.

Atualmente, no setor de Dermatologia são atendidos – pelo SUS – em média de 2.500 a 3.000 pacientes/mês, o que representa uma média de 120 a 150 pacientes/dia, sem contar o PS. Como todo hospital público, o Padre Bento enfrenta problemas de verbas. “A Dermatologia, por ser referência na rede estadual, sofre menos com isto, mesmo assim, sentimos os problemas, pois temos muitos casos com complicações clínicas e, eventualmente, temos dificuldade na obtenção de algumas medicações. Entretanto, a atual diretoria está empenhada em resolver os problemas do hospital e nos tem dado o apoio possível”, afirmou Pires.

Apesar das dificuldades financeiras, o hospital está bem aparelhado. O setor de Dermatologia possui equipamentos como fototerapia, laboratório de dermatopatologia, micologia, cirurgia dermatológica e laser (por empréstimo). “Tentamos suprir as eventuais faltas com acordos”, afirmou Pires. O hospital como um todo dispõe de aparelhos para diagnóstico por imagem com ultra-som, tomografia computadorizada helicoidal, mamografia etc. Também temos condições de realizar ecocardiograma, provas de esforço e os exames laboratoriais básicos.

Indenização a portadores de hanseníase
Por decisão do governo, em 2007, as pessoas que ficaram confinadas nos mais de cem hospitais colônias que existiram no país até o dia 31 de dezembro de 1986, têm o direito de receber pensão da Previdência Social, no valor de R$ 750. Não há prazo de entrega para o requerimento, que será analisado pela Comissão de Avaliação das Pensões Vitalícias da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Para mais informações, acesse o site www.presidencia.gov.br/sedh, ou ligar para (61) 3429-9366.

A hanseníase
Atualmente o programa de Hanseníase em São Paulo é desenvolvido nos Postos de Saúde do Estado, onde são realizados diagnósticos e tratamento, à base de três medicações, oferecidas gratuitamente. O doente deve retornar mensalmente ao posto para receber nova dosagem, trazendo a cartela anterior vazia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, atualmente a doença atinge cerca de um milhão de pessoas. Além dessas, de dois a três milhões se tornaram permanentemente incapacitadas pela doença, apesar da prevalência global ter sido reduzida em 90% desde 1985. O marco dessa estratégia foi a resolução da 44ª Assembléia Mundial, em 1991, que definiu a eliminação da hanseníase com a existência de menos de um caso para cada 10 mil habitantes.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o coeficiente de detecção da hanseníase em São Paulo ficou em 0,78 por 10 mil habitantes em 2006, equivalente a 3.196 casos.


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