CAPA
EDITORIAL (JC pág. 2)
Momentos críticos marcaram a sobrevivência do SUS no ano que passou...
ENTREVISTA (JC pág. 3)
O advogado previdenciário Gândara Martins fala sobre a aposentadoria especial para médicos
ATIVIDADES 1 (JC pág. 4)
Publicidade médica: conscientização para reduzir número de processos
ATIVIDADES 2 (JC pág. 5)
Plenária especial avalia demissões no Servidor Público Estadual
ATIVIDADES 3 (JC pág. 6)
Resolução do Cremesp, pioneira no país, regulamenta atividades das UTIs paulistas
ATIVIDADES 4 (JC pág. 7)
Índice de reprovação dos formandos de Medicina torna o Exame do Cremesp foco da mídia paulista
ESPECIAL (JC págs. 8 e 9)
Falsos médicos: registros do Conselho sobre crescimento dos falsários são alarmantes
GERAL 1 (JC pág. 10)
Em Opinião de Conselheiro, Antonio Pereira Filho aborda emissão de atestados falsos
EPIDEMIA (JC pág. 11)
Atenção ao diagnóstico da dengue: "estima-se que para cada caso sintomático ocorram dez asintomáticos"
ENSINO MÉDICO (JC pág. 12)
Veja a opinião de Nildo Alves Batista sobre a graduação médica no país
GERAL 2 (JC pág. 13)
Na Coluna dos Conselheiros do CFM desta edição, Ato Médico e Decisões Judiciais
ALERTA ÉTICO (JC pág. 14)
Esclareça suas dúvidas sobre a presença de acompanhante durante consulta ou exames
GERAL 3 (JC pág. 15)
Auto-hemoterapia: Conselho Federal de Medicina divulga parecer-consulta
HISTÓRIA (JC pág. 16)
Centro Médico da Polícia Militar: 115 anos de história e serviço público de excelência
GALERIA DE FOTOS
EPIDEMIA (JC pág. 11)
Atenção ao diagnóstico da dengue: "estima-se que para cada caso sintomático ocorram dez asintomáticos"
A participação da comunidade médica é urgente no combate à dengue
Clélia Maria Sarmento de Souza Aranda*
Ana Freitas Ribeiro**
A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral (arbovírus do gênero Flavivírus) e de evolução benigna, na maioria dos casos. É hoje a arbovirose mais difundida no mundo e, com exceção da Europa, ocorre em todos os continentes. Comum em áreas tropicais e subtropicais, as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento do seu mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
Desde 1986, quando a doença foi reintroduzida no Brasil, há registro de casos de dengue em todos os anos, com a ocorrência de vários picos epidêmicos durante esse período, relacionados com a chegada de um novo subtipo do vírus. Na década de 90, mesmo em anos não epidêmicos, a doença registrou ocorrência de dezenas de milhares de casos por ano. No Estado de São Paulo, a transmissão foi observada pela primeira vez em 1987, com as maiores incidências ocorrendo no verão, porém a transmissão ao longo do ano vem ocorrendo, mostrando que há endemicidade em vários municípios paulistas. As condições sócioambientais favoráveis à expansão do vetor possibilitaram a dispersão no Estado e mais de 65% dos municípios já apresentaram transmissão da doença nas últimas duas décadas. Em 2007, dados até inicio de novembro, confirmam 81.332 casos em 362 municípios (incidência acumulada de 198,2/ 100.000 habitantes), 63 casos de febre hemorrágica com 16 óbitos.
A circulação simultânea de três sorotipos do vírus no país aponta para o risco de ocorrência de maiores índices de febre hemorrágica, embora também sejam observadas formas graves em primoinfecção.
A doença pode apresentar amplo espectro clínico, desde quadros assintomáticos até as formas hemorrágicas, proporcionando dificuldades no diagnóstico. Estima-se que para cada caso sintomático de dengue ocorram dez casos assintomáticos. A forma típica - conhecida como dengue clássica- DC - tem início abrupto com febre alta, cefaléia intensa, dor retro-orbital, acompanhadas de mialgia, artralgia, astenia, prostração. Outros sintomas inespecíficos como náuseas, vômitos e diarréia podem surgir, além de exantema maculopapular e manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxes, gengivorragia, metrorragia, melena). A doença dura de cinco a sete dias, podendo persistir a fadiga.
Na febre hemorrágica da dengue – FHD e síndrome do choque por dengue – SCD os sintomas iniciais são semelhantes aos da DC, mas no 3º ou 4º dia o quadro se agrava com dor abdominal, redução brusca de temperatura, debilidade profunda, agitação ou letargia, palidez de face, pulso rápido e débil, hipotensão com diminuição da pressão diferencial, hemorragias e derrames cavitários. A presença de sangramento não define a gravidade da doença e pode estar presente em todas as formas clínicas. O fator determinante na gravidade é o aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de líquido para o terceiro espaço, o que pode levar à SCD.
Desta forma a anamnese detalhada, investigando cronologia dos sinais e sintomas, caracterização da curva febril, doenças crônicas associadas e pesquisa de sinais de alerta, apóiam a adoção de medidas terapêuticas que mantenham o estado geral do paciente, já que não há tratamento específico. A hidratação dos pacientes é medida fundamental para a prevenção de complicações. Manifestações clínicas sugestivas de FHD/SCD exigem atenção imediata, acompanhamento contínuo e, em casos especiais, internação.
Os exames específicos para o diagnóstico de dengue não alteram a conduta terapêutica, pois seus resultados não estão disponíveis no período crítico em que se apresentam as manifestações graves (a coleta para detecção de anticorpos pela técnica de Elisa é recomendada após o 6º dia de doença). A sorologia é útil para a confirmação dos primeiros casos da área e, uma vez identificada alta transmissão da doença, os critérios clínico-epidemiológicos são adequados para confirmação dos suspeitos.
A dengue é de notificação compulsória na suspeita e confirmação. A investigação epidemiológica é importante para a identificação do local de infecção (principalmente nos primeiros casos na região) e permite a classificação dos casos. A classificação é sempre retrospectiva e sua padronização permite a comparação da situação epidemiológica entre diferentes regiões.
O Programa Nacional de Controle de Dengue (PNCD) tem como objetivos: reduzir a infestação do vetor (A. aegypti), a incidência da doença e a letalidade da FHD/SCD. Neste último aspecto é essencial a efetiva participação da comunidade médica, considerando que a identificação de suspeitos e casos graves é eminentemente clínica, necessitando de anamnese e exame físico acurados, para a adoção de terapêutica oportuna e adequada para salvar vidas.
* Clélia Maria Sarmento de Souza Aranda é médica pediatra e coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde
** Ana Freitas Ribeiro é médica sanitarista e diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica “Profº Alexandre Vranjac”
Fique atento à sintomatologia da doença
Entre o terceiro e o quarto dia de doença:
SINAIS DE ALARME
- Dor abdominal intensa e contínua
- Vômitos persistentes
- Letargia ou agitação
- Queda brusca de temperatura ou hipotermia
- Hipotensão postural
- Pressão diferencial <20 mmHg (PA convergente)
- Hepatomegalia dolorosa
- Extremidades frias, cianose
- Aumento repentino do hematócrito
- Desconforto respiratório
- Diminuição da diurese
- Hemorragias importantes (melena, hematêmese, metrorragia)
Monitoramento clínico contínuo, hidratação rigorosa, avaliar necessidade de internação
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