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CAPA

EDITORIAL
Pesquisa sobre os planos de saúde
Além do destaque especial para os resultados da avaliação dos planos de saúde, esta edição aborda temas polêmicos como reprodução assistida e clonagem.


CONSELHO
Novos serviços
Confira os novos serviços oferecidos aos médicos e como está se saindo a Rede Estadual de Apoio a Médicos Dependentes Químicos


ENTREVISTA
“Conselhos devem aliar exercício profissional à promoção da cidadania”
Mário Saad, atual representante no CFM de São Paulo e diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, é nosso convidado especial deste mês.


ARTIGOS 1
“É preciso eleger deputados
comprometidos com a saúde”
Eleuses Paiva, presidente da AMB, e o movimento médico no processo político deste ano. Engajar-se é fundamental para a obtenção de vitórias na saúde do país.


ARTIGOS 2
“Nosso voto é a melhor arma para a mudança”
Erivaldo Guimarães, presidente do Simesp, lembra, em ano eleitoral, a importância de escolher candidatos que tenham, essencialmente, compromisso com o social.


ENTIDADES
Congresso de Política Médica
e Piores Planos de Saúde

Eleição 2002 e Pesquisa Datafolha: Congresso de Política Médica e a divulgação dos piores planos de saúde do país.


ESPECIAL
Os dilemas da reprodução assistida e da clonagem
O enfoque especial deste mês é imperdível: mesas redondas com temas-âncoras como o destino dos pré-embriões e a clonagem humana. Marco Segre e Enidio Ilário coordenaram os debates.


VIGILÂNCIA  SANITÁRIA
Cremesp é contra cobrança de taxa para vistoria em consultórios.
Veja por quê o Cremesp é contra a cobrança de mais esta taxa.


PARECER
“Exigência de farmacêutico para guarda de dispensário de medicamentos é ilegal”
Exigência não conta com amparo legal. Veja análise da legislação que fundamenta o parecer do Cremesp.


GERAL 1
De olho no site!
Novidades no site do Cremesp, Hospitalar 2002, Dia Mundial sem Tabaco e campanha de prevenção contra a Aids: acesse e informe-se!


AGENDA
Delegacia de S. José dos Campos tem nova sede. As participações e atividades do Cremesp durante o mês de junho você pode conferir aqui.


NOTAS
Lideranças Médicas em Votuporanga.
Oportunidades de Trabalho e a Copa Mundial de Futebol para Equipes Médicas em Barcelona são, também, destaques dessa seção.


GERAL 2
Em outubro, Brasil será o centro mundial da Bioética
Informe-se sobre o Congresso Mundial de Bioética e outras notícias, como a obrigatoriedade da implantação de bancos de leite humano na cidade de São Paulo.


ENSINO
Estudantes apresentam pesquisas em Ética Médica.
O projeto, coordenado por Reinaldo Ayer, reúne um total de 19 trabalhos de pesquisa na área de Ética Médica. Confira autores, resumos e orientadores de cada um deles.


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Edição 178 - 06/2002

ENTREVISTA

“Conselhos devem aliar exercício profissional à promoção da cidadania”
Mário Saad, atual representante no CFM de São Paulo e diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, é nosso convidado especial deste mês.


“Conselhos devem aliar exercício profissional à promoção da cidadania”

Mário Saad é o atual representante de São Paulo no Conselho Federal de Medicina, suplente de Regina Parizi, licenciada para candidatar-se à deputada estadual nas eleições de 2002. Professor livre-docente do Departamento de Clínica Médica e Diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Saad falou ao Jormal do Cremesp sobre o papel dos Conselhos, as reformas no ensino médico, o exercício profissional e os compromissos dos governantes.

Jornal do Cremesp - Qual é o papel dos Conselhos de Medicina atualmente?

Mário Saad - Os Conselhos Federal e Regionais têm hoje um papel essencial tanto na garantia do exercício profissional, quanto na promoção da cidadania. Na última década, os Conselhos se transformaram, dedicando-se não só a valorizar dignamente o médico, a preservar a ética e a qualidade da Medicina, mas também souberam estar ao lado da sociedade, participando e intervindo em defesa da saúde, de melhores condições de vida e da democracia. Os Conselhos também avançaram na competência legal de fiscalizar o exercício profissional e a prática da Ética Médica. Nesse sentido, ainda existe certa incompreensão da sociedade, pois as pessoas querem que a justiça seja feita imediatamente, diante de eventual erro, situação danosa ou infração ética do médico. Preservar o estado de direito, assegurar que os médicos tenham chance de defesa e, ao mesmo tempo, agir com seriedade e responsabilidade para garantir a justiça e o bem estar da população é o grande papel que os Conselhos têm conseguido desempenhar.

JC - O que fazer para superar as dificuldades impostas ao exercício profissional do médico?

Saad - O ideal que buscamos é que os médicos tenham uma remuneração digna, condições adequadas de trabalho e capacitação permanente. Assegurado isso, a dedicação exclusiva, o trabalho em um único local, seria o melhor para o profissional e para quem recebe a assistência. Por um lado temos o SUS, um sistema excelente nos princípios e na forma de organização, mas com financiamento insuficiente, o que tem gerado insatisfação dos usuários e dificuldade de adesão dos médicos, pessimamente remunerados. Mas nos municípios onde há responsabilidade e visão social dos gestores, investimento de recursos e controle social, o SUS está dando certo, sinal de que é um projeto viável. As prefeituras comprometidas com o SUS dão hoje as melhores chances de trabalho para o médico recém-formado em nosso Estado. Quanto aos planos privados de saúde, a prática de baixos honorários, as interferências na autonomia do médico e as restrições de atendimento ao paciente revelam um setor que não encara a saúde como um bem maior, mas como um negócio. Garantir o acesso de todos a um sistema de saúde mais justo e de qualidade deve ser nossa meta.

JC - Como o senhor vê a reforma do ensino médico no Estado?

Saad - As deficiências no ensino médico, a abertura de cursos sem critérios e o grande número de vagas nas escolas médicas são problemas que precisamos enfrentar, com regulamentação adequada e ações firmes. Temos percebido avanços nos últimos anos, com mudanças curriculares positivas. Devemos seguir o que ocorreu na maioria das boas universidades do mundo, onde as mudanças foram baseadas na integração das áreas básicas e aplicadas, e na formação humanista do médico. Além disso, o aluno não pode ser formado apenas em hospitais terciários ou quaternários; ele precisa conhecer o sistema de saúde, aprender a trabalhar no nível primário e secundário, estar presente nas comunidades, aprender mais sobre o ser humano e suas necessidades. Esse é o caminho correto que está sendo seguido em São Paulo, com uma certa flexibilidade para cada escola definir o melhor modelo, desde que seja assegurada a participação dos dirigentes, entidades médicas, professores e alunos em todo o processo de mudança.

JC - Na condição de diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, como avalia a integração entre o ensino e a pesquisa?

Saad - A integração entre ensino e pesquisa passa pelo aprendizado do método científico. O aluno que estuda em uma escola onde existe boa pesquisa sendo desenvolvida, tem condições de aprender o método científico, o que vai capacitá-lo para ser um melhor médico. Estudos ingleses demonstram que o médico que domina o método científico torna-se com mais facilidade um líder local ou regional porque ele aprende a acompanhar melhor a evolução da Medicina. Para reforçar a importância dessa integração, cito uma frase do reitor da Unicamp, Dr. Brito Cruz, dita em sua posse: “a relação entre a pesquisa e o ensino na universidade é como a relação entre o pecado e a confissão. Se você não faz o primeiro, não tem o que contar no segundo”.

JC - O médico tem conseguido se capacitar, acompanhar os avanços da medicina e da ciência?

Saad - O Brasil é um país enorme e em alguns locais próximos de grandes centros urbanos, com boas faculdades de medicina, isso tem sido possível. Em locais distantes, infelizmente não. É fundamental investirmos em capacitação à distância, explorando recursos como teleconferências, Internet, TV a cabo e outras tecnologias. A boa notícia é que o Brasil faz uma ciência na área médica de excelente qualidade. Temos pessoas muito bem preparadas para capacitar e atualizar nossos médicos. Os Conselhos de Medicina têm papel fundamental para agilizar e viabilizar esse processo.

JC - Em ano de eleições, quais devem ser as preocupações dos médicos?

Saad - Os médicos devem cobrar e estar atentos aos candidatos que apresentem programas claros, inovadores e viáveis para a área da saúde; políticas públicas sociais que permitam a inclusão da imensa parcela da população que tem sido esquecida; além de políticas que melhorem as condições de vida e de saúde dos brasileiros. O financiamento suficiente e permanente para o SUS, a revisão da regulamentação da saúde suplementar devem estar na agenda prioritária dos candidatos. Os médicos devem eleger representantes no legislativo, federal e estadual, comprometidos com a valorização do médico e da medicina e, principalmente, com a ampliação do acesso e qualidade da assistência médica e da promoção da saúde.



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