![](/Templates/v200901/images/img_bullet_bc.gif)
![](/Templates/v200901/images/img_fecha.gif)
PÁGINA 3
Editorial
Hora de expandir
Cremesp lançou em janeiro deste ano uma campanha pela obrigatoriedade de uma avaliação nacional de recém-formados para o exercício da Medicina. A iniciativa defendida pelo Conselho paulista baseia-se na experiência do Exame do Cremesp, que há 13 anos avalia os egressos das escolas médicas no Estado. A melhora dos resultados na última edição do Exame, com índice de aprovação de 64,6%, o maior
dos últimos anos, corrobora a relevância de uma avaliação externa do ensino médico, demonstrando que estamos no caminho certo ao defendê-la para todo o País. Entre as hipóteses para a melhora no desempenho dos recém-formados, na última prova, está a de que algumas instituições de ensino tenham corrigido problemas apontados em avaliações anteriores. Vale lembrar que, todos os anos, o Conselho paulista entrega, aos diretores das escolas médicas participantes, um relatório confidencial de desempenho, por área de conhecimento avaliada.
A proposta de um exame obrigatório nacional vem recebendo inúmeros apoios da comunidade médica, de representantes da sociedade civil organizada, de formadores de opinião e até mesmo dos recém-formados em Medicina. Claro que também enfrenta forte resistência, visto que interfere em interesses econômicos poderosos. A má qualidade do ensino está diretamente relacionada à abertura desenfreada de escolas médicas no País, que cobram caras mensalidades, mas não oferecem formação adequada. Alguns também argumentam que um exame terminal penalizaria o aluno e não escolas inadequadas. É uma preocupação legítima, mas também não podemos permitir que o problema do ensino deficiente penalize pacientes. Por essa razão, vamos sugerir aos legisladores, a criação de uma avaliação periódica, ao final do 2º e do 4º ano do curso. Dessa forma, escolas e estudantes terão oportunidade de corrigir falhas, e o recém-formado chegará ao exame final preparado para comprovar que está apto a exercer a Medicina. Essa posição baseia-se também nas experiências que desenvolvemos no Estado de São Paulo.
A própria série histórica do Exame do Cremesp demonstra que é possível não apenas pontuar o desempenho de recém-formados, mas também aprofundar um diagnóstico sobre o ensino médico oferecido, capaz de fornecer subsídios para que as escolas possam corrigir suas deficiências. Além disso, os resultados são encaminhados a diversos agentes públicos, dentre eles o ministro de Educação, para auxiliar em decisões políticas.
Na esteira do Exame, o Cremesp desenvolveu parcerias para oferecer curso gratuito de
revisão para os participantes que não foram aprovados na avaliação. Também implantou, em 2017, a Avaliação Periódica do Ensino Médico (Apem), que aplicou provas aos alunos do 3º e do 5º ano, para verificar se essas seriam as melhores fases para realizar exames durante a formação.
O caminho trilhado pelo Exame do Cremesp é o melhor exemplo de que uma avaliação nacional do ensino médico trará amplos benefícios para a Medicina e para a sociedade.
Conclamo os médicos para que nos apoiem nesta campanha pela aprovação de uma lei que institua o exame nacional obrigatório para o exercício da Medicina no País.
Lavínio Nilton Camarim
Presidente do Cremesp
Na rede
Cremesp repudia insinuações do ministro da Saúde sobre médica
O Cremesp divulgou nota de repúdio à conduta do ministro da Saúde, Ricardo Barros, contra a pediatra e professora Silvia Brandalise, em declaração à imprensa. Em nova atitude intempestiva contra a categoria médica, Barros fez insinuações sobre a integridade da profissional, diante de seu incisivo posicionamento a respeito do produto Leugi-Nase, utilizado no tratamento da Leucemia Linfoide Aguda. O produto não tem eficácia comprovada, não dispõe de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas foi importado da China pelo Ministério da Saúde, com dispensa de licitação, para ser disponibilizado no País. Por decisão da Justiça, desde setembro de 2017, a União está impedida de comprar e distribuir novos lotes do item à rede de saúde.
Referência em oncopediatria, Brandalise é fundadora e presidente do Centro Infantil Boldrini de Campinas, além de ter ocupado a coordenadoria do Serviço de Hematologia-Oncologia Pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, entre outros cargos.
Repercussão
A nota teve ampla repercussão em redes sociais, site e e-mails do Cremesp. Ao lado, um dos comentários encaminhados ao Cremesp:
“Sou médica em Campinas e testemunho diariamente a luta do Instituto Boldrini, de todos os seus funcionários e, em especial, o trabalho dedicado e sério da dra. Sílvia. Foi com tristeza e revolta que escutei a entrevista do sr. ministro e quero manifestar aqui o meu repúdio pessoal e profissional a tudo que foi declarado por ele. Reitero minha solidariedade à colega Sílvia e meu apoio ao Instituto Boldrini, um serviço de saúde de excelência que muito orgulha Campinas e o Brasil. Lastimável (mais) essa atitude do sr. ministro.”
Maria Adriana Maretti