CAPA
EDITORIAL
Discurso de posse do novo presidente do Cremesp, Clóvis Francisco Constantino
ENTREVISTA
Clóvis Constantino: "é preciso resgatar o melhor da imagem do médico"
PLANOS DE SAÚDE 1
A padronização de contratos entre médicos e operadoras
PLANOS DE SAÚDE 2
Novembro terminam os trabalhos da CPI dos Planos de Saúde
CONSELHO
Mobilização nacional das Entidades Médicas
GESTÃO 2003-2008 2
A posse dos novos Conselheiros
GESTÃO 2003-2008 1
Medicina e Assistência à Saúde
GESTÃO 2003-2008
A nova diretoria do Conselho
CONJUNTURA
Destaque para a vitória do Comando Nacional da Saúde da defesa do orçamento
ENSINO MÉDICO
A indústria do diploma: 4 novos cursos a cada dia
INTERNET
De olho nos sites: Cremesp. Bioética e Banco de Empregos Médicos
AGENDA
Destaque para a sessão plenária do Cremesp nº 3.000
PARECER
Sedação Consciente recebe normatização do CFM
DIA DO MÉDICO
Homenagem ao Dr. Jair Xavier, CRM nº 0003
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL
Discurso de posse do novo presidente do Cremesp, Clóvis Francisco Constantino
"O coração do Cremesp baterá no ritmo da classe médica"
Discurso de posse do novo presidente do Cremesp, Clóvis Francisco Constantino:
"...Recebo a tarefa de presidir o Conselho como uma grande honraria e com consciência plena da responsabilidade inerente ao cargo; e, para isso, temos um facilitador: somos 42 conselheiros para dividir esse relevante trabalho.
Nossas tarefas terão como base as metas divulgadas em nossa campanha eleitoral, que todos tomaram conhecimento:
- A regulamentação do Ato Médico
- Defesa das condições de trabalho
- Luta contra a má formação profissional: abertura indiscriminada de escolas; insuficiência qualitativa e quantitativa de bolsas de residência médica
- Estabelecimento de Plano de carreira, cargos e salários do médico
- Aperfeiçoamento do Programa de Saúde de Família e seu adequado uso em acordo com sua idealização inicial
- Divulgação e implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos - CBHPM
- Garantia da manutenção ou recuperação da autonomia profissional, portanto, melhor atendimento ao paciente
- Consolidação do conceito de que atenção primária à saúde é ação científica e humanamente complexa, incluindo as particularidades inerentes a cada faixa etária, como por exemplo, a assistência integral à criança e ao adolescente
- Estabelecimento e luta pela realização do piso salarial dos médicos em todas as instâncias de trabalho
- Trabalho para manter sempre viva e em comunicação constante a aproximação das entidades médicas com a Frente Parlamentar da Saúde, aproximação essa incentivada desde o último ENEM, em Brasília, em maio deste ano
- Defesa da Ética Médica
- Defesa da Bioética e difusão cada vez maior de seus conceitos aos estudantes, aos jovens médicos e aos mais antigos
- Defesa dos Hospitais Universitários com suas particularidades
Enfim, uma série numerosa de frentes de trabalho que já foram divulgadas.
Tudo isso em uníssono e comunhão com toda a variedade de entidades médicas. Todos queremos coisas coincidentes; portanto, temos que trabalhar com sinergismo de forças e não competindo. Cada uma com suas peculiaridades inerentes às suas leis regulamentadoras, normatizações, finalidades, estatutos, regimentos etc, mas em conjunto.
Este foi o espírito que norteou a formação desse colegiado. Como o exemplo dos gansos, que voam em formação em V, pois quando batem as asas, criam um vácuo para o pássaro seguinte e o grupo inteiro tem desempenho 70% melhor do que se cada ave voasse só.
Portanto, não basta dizer, é preciso ter e agir com senso de comunidade. É o que faremos. É preciso dividir tarefas. Todos somos dependentes uns dos outros. É preciso reconhecer que as lideranças são muitas e todas têm muito a contribuir com o bem comum.
Nenhum de nós é dono de nada, a não ser de nosso próprio livre arbítrio. E o uso do livre arbítrio será tão mais sábio quanto maior a capacidade de compartilhar, de entender o outro, de alterar nosso próprio entendimento quando formos convencidos pelo argumento melhor e de delegar quando necessário.
A ciência multiplica as possibilidades dos sentidos; a filosofia aumenta os recursos do raciocínio, mas é o convívio, a tolerância com a diversidade e a reflexão crítica de valores colocados em pauta dinâmica e continuamente que alarga os potenciais do sentimento.
E estando com o sentimento em grande amplitude é que poderemos dosificar com melhor exatidão os limites entre a firmeza, a prontidão de ações, o rigor da crítica pedagógica, com a prática da compreensão e da generosidade.
Por isso eu, pessoalmente, aceitei a candidatura e a indicação: para tentar colocar, efetivamente, isso em prática. Afinal, o que o médico espera de nós? O que a sociedade espera de nós? O que o movimento médico espera de nós?
É exatamente que se engrossem as fileiras para o trabalho de resgate do profissional médico lato sensu e da conseqüente melhor assistência à população.
Não perseguiremos tampouco, no que depender de mim, objetivos político-partidários, mas sim objetivos de servir à classe médica e à população.
Como disse Albert Sabin em uma entrevista sobre sua notável descoberta conhecida por todos: "É preciso fazer alguma coisa pelas pessoas sem visar lucro". É como penso.
Vamos trabalhar pela unidade, não pela unanimidade, e já começamos a fazer isto desde o dia 1º de outubro. Montamos a primeira diretoria desta gestão nas horas finais que antecederam a posse oficial, mas o amadurecimento adquirido nas discussões não foi em vão. O estresse bem dosado ensina. Aprendemos. E estamos aplicando. Todos se farão ouvir e serão ouvidos: diretoria, corpo de conselheiros, delegados, funcionários.
E, acima de tudo, ouviremos o clamor da classe médica. Mas também cobraremos dela a participação no movimento como força de conjunto, com as entidades, o que não tem ocorrido.
É muito fácil chorar nos cantos, cobrando ação dos outros e depois criticar, esbravejar e continuar chorando...
O que queremos ver é a participação de toda a classe médica, sem a qual, continuaremos tímidos nos resultados obtidos - e vejam que muitos resultados já foram obtidos. Mas poderiam e poderão ser melhores.
Afinal, temos que nos livrar das más condições de trabalho, da educação médica deficiente, do mercantilismo puro e simples e da deteriorização da relação médico-paciente. Isso só tem trazido infelicidade, desentendimentos, acusações, processos, ação de aproveitadores, enfim, o pior.
Recuperemos nós, com nossa força de 85.000 médicos em atividade em nosso Estado, o universo ético de relações humanas específicas que envolve nossa milenar profissão.
Meu empenho pessoal será o maior que puder. Do nosso colegiado, certamente também o será. Para isso também temos que contar com a compreensão de todos no sentido de entenderem a existência de limites e balizadores. Somos uma democracia, um Estado de Direito. Nada poderá ser feito em passes de mágica ou com o uso da truculência. É um processo. Prometo e prometemos empenho. Clamamos aos colegas que nos ajudem.
Meus agradecimentos ao apoio de todas as entidades médicas, seus diretores e presidentes.
Meus agradecimentos à gestão do Cremesp que sai, pela cordialidade com que fomos recebidos.
Meus agradecimentos a todo o corpo de conselheiros que abraçou esta causa.
Meus agradecimentos a todos os amigos que nos ajudaram nessa jornada.
Meus agradecimentos à classe médica que votou nessa proposta.
Meus agradecimentos aos funcionários do Cremesp que muito já nos tem ajudado nesses 10 dias, com sua competência, dedicação e discrição.
Meus agradecimentos a toda minha família que sempre apóia essas minhas iniciativas.
Meu pedido ao poder público: tente compreender a profundidade do que está ocorrendo com a nossa profissão hoje e todas as conseqüências advindas de tal escalada negativa que já estão aí e outras que estarão por vir. Todos somos potencialmente pacientes, um dia. Haveremos de querer um atendimento competente e afetuoso.
O Cremesp está com seu coração renovado em nova etapa e baterá no ritmo dos anseios da classe médica.
Um grande abraço a todos."
Clóvis Francisco Constantino
Presidente do Cremesp