CAPA
ENTREVISTA (pág. 3)
Gabriel Wolf Oselka
NOTÍCIAS (pág. 4)
Plenária do Cremesp recebe ministro da Saúde e exige soluções para a crise
ESPECIAL (PÁG. 5)
Serviços exclusivos conferem destaque ao Conselho paulista
ESPECIAL (PÁG. 6)
Exposição registra pujança do Conselho paulista nas lutas em prol da Saúde
ESPECIAL (PÁG. 7)
Ações regionais foram referências para regulamentações no País
ESPECIAL (PÁG. 8)
O percurso do Cremesp rumo à regulamentação dos Conselhos de Medicina
ESPECIAL (PÁG. 10)
Médicos de SP ganham obra de arte exclusiva do artista plástico Guto Lacaz
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (PÁG. 11)
Presidente do Cremesp fala sobre papel dos Conselhos em congresso internacional
ESPECIAL (PÁG. 12)
O que nos reserva a Medicina dos anos futuros?
EU, MÉDICO (PÁG. 13)
Para médica, avanço tecnológico não significou avanço humano
EDITAIS (pág. 14)
Convocações
ESPECIAL (pág. 15)
Cremesp é um dos protagonistas do pensamento bioético no País
EDITORIAL (pág. 2)
Cremesp na vanguarda
GALERIA DE FOTOS
EU, MÉDICO (PÁG. 13)
Para médica, avanço tecnológico não significou avanço humano
Para médica, avanço tecnológico não significou avanço humano
Há 60 anos, Lenira Tabosa Pessoa iniciava uma trajetória ainda incomum na Medicina no País. Além de ser uma das pioneiras na Medicina Aeroespacial, ela também desenvolveu estudos em Medicina Psicossomática, áreas que, de alguma maneira, estavam em concordância com a modernidade daqueles tempos. Nascida em Caruaru, Lenira foi morar em Recife para estudar Medicina na Universidade Federal de Pernambuco nos anos de 1950. Em uma turma de 70 alunos, apenas dez eram mulheres. Dessa época, ela lembra da estratégia com as colegas para enfrentar atitudes preconceituosas de um professor. “Para tentar nos proteger das imoralidades que ele dizia, sentávamos todas juntas”, conta.
Formada em 1957 – mesmo ano em que a Lei 3.268 de criação oficial dos Conselhos de Medicina entrava em vigor – Lenira especializou-se em Psiquiatria antes de mudar-se para São Paulo, em 1961, para um estágio em Medicina Psicossomática no Hospital das Clínicas. No ano seguinte passou a trabalhar no recém-inaugurado Hospital do Servidor Público Estadual, onde atuou por 28 anos, até a aposentadoria.
Na adolescência, a médica sonhava em ser astrônoma. O interesse pela aviação era compartilhado com o irmão Lenildo e foi despertado pelos textos do escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, que, além de O pequeno príncipe, escreveu livros como Voo noturno, Piloto de guerra e Terra dos homens. O irmão tornou-se piloto e jornalista, sendo criador de um jornal de aviação, no qual Lenira assinava uma coluna médica.
Em 1969, Lenira ingressou na antiga Varig como médica dos funcionários, incluindo os tripulantes de aeronaves. Mais tarde, passaria a atuar como professora de Medicina Aeroespacial do Centro de Treinamento de Comissários da Varig.
A especialização em Medicina de Aviação foi feita no Centro Nacional de Medicina de Aviação do México; a Universidade Nacional Autônoma de México; e a Wrigth Patterson Air Force Base, nos Estados Unidos.
Lenira publicou o livro Medicina de Aviação, edição pioneira no Brasil na área. Algumas universidades adotaram o livro como apostila de cursos. “Se esse livro conseguir habilitar melhor tripulantes e passageiros para usufruírem da aventura de voar, sem prejuízo para seu organismo, a autora se sentirá recompensada”, escreveu Lenira em seu prefácio.
A médica Lenira, junto com as alunas e comissárias de bordo da Varig
Há mais um livro no currículo da médica. Um homem chamado Luiz é a biografia de seu pai, um educador.
Lenira considera extraordinários todos os avanços tecnológicos e científicos que hoje proporcionam melhor tratamento médico aos pacientes. Recentemente, ela própria passou por uma cirurgia de transplante de córnea e se impressionou com o método moderno utilizado. “Sou muito grata a essa evolução da Medicina, o método anterior é mais simples e antigamente havia muita rejeição desse tipo de transplante”, conta.
A médica, entretanto, lamenta que o avanço tecnológico não tenha representado avanço humano. “De alguma maneira, acabou-se a empatia, a maioria dos médicos não se coloca mais no lugar do outro, não consegue sentir como o outro”, conclui.