CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Mauro Gomes Aranha de Lima
ENTREVISTA (Pág. 3)
Gonzalo Vecina
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág.4)
Hanseníase
SAÚDE PÚBLICA (Pág. 5)
Abelhas africanas
SAÚDE SUPLEMENTAR (Pág. 6)
Honorários médicos
ASSISTÊNCIA À SAÚDE (Pág. 7)
Hospital Universitário
PLATAFORMAS MÉDICAS DIGITAIS (Págs. 8 e 9)
Aplicativos
LITERATURA MÉDICA - (Pág. 10)
Nova publicação
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (Pág.11)
Inclusão social
EU MÉDICO (Pág. 12)
Manuel Mindlin Lafer
JOVENS MÉDICOS (Pág. 13)
RM
CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Comunicados
BIOÉTICA (pág. 15)
União homoafetiva
GALERIA DE FOTOS
EU MÉDICO (Pág. 12)
Manuel Mindlin Lafer
Entre o atendimento médico e o palco
“Sempre transitei entre três e cinco atividades profissionais”
Lafer: pediatra, cantor e compositor
Sem nenhum médico na família – e mesmo sem muito conhecimento sobre Medicina – a escolha de Manuel Mindlin Lafer pelo curso foi intuitiva. Prestes a prestar vestibular, a dúvida pairava entre Física e Psicologia. O padrasto lhe aconselhou a cursar Medicina, para atuar como psiquiatra, sob o argumento de que assim poderia receitar remédios aos pacientes, o que não seria possível na Psicologia.
Conselho aceito, Lafer entrou para a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mas, já nas primeiras semanas do curso, decidiu repensar a especialidade médica em que iria atuar, mediante as diferentes possibilidades na carreira.
Em paralelo, o gosto pela música sempre existiu. Sua mãe tinha muitos discos e, cedo, adquiriu o gosto por ouvi-los. “A música está presente em mim desde as minhas primeiras lembranças”, recorda. Aos 14 anos foi fazer aulas de violão, juntamente com a irmã mais velha, Inês. Canhoto, aprendeu a tocar como destro, e logo começou a compor suas primeiras músicas. “Fiz muitas canções nessa época, talvez porque na adolescência somos menos críticos”, diz.
Talento musical
Manu – como é conhecido no meio artístico – não pensou na música como uma profissão, pois queria estudá-la sem que fosse um compromisso. “Havia duas coisas que eu não queria na vida: ser músico profissional, nem amador”, diz o médico, atualmente também cantor e compositor.
Depois do terceiro ano de Medicina, conseguiu conciliar a faculdade com aulas de harmonia e teoria musical, pois queria voltar a se dedicar à música. Formou-se em 1997 e escolheu a Pediatria para a Residência. Depois disso, especializou-se em Infectologia Pediátrica.
Índios do Xingu
Em 1995, ainda como estudante, teve a primeira oportunidade de trabalhar com índios, durante as diversas viagens que fez para o Xingu (MT) e para a Amazônia. Depois de formado, começou a atender no Ambulatório do Índio da Unifesp, onde realizou diversos trabalhos de campo em áreas indígenas.
Lafer diz que existem muitas dificuldades em se trabalhar com índios, já que as verbas destinadas à Fundação Nacional da Saúde (Funasa) – órgão do Ministério da Saúde responsável pelos índios – são muito pequenas. Apesar de todos os desafios, o atendimento aos indígenas é uma grande paixão. “Os índios são muito diferentes uns dos outros, mas todos nos recebem muito bem. Você dá um presente para eles e lhe retribuem com três; você dedica um dia inteiro para eles e, se necessário, eles viajam para lhe ver. É como se estivéssemos sempre em dívida com eles”, conta.
Em 2007, teve a oportunidade de viajar para a Universidade da Columbia, em Nova York (EUA), onde ficou por dois anos. Teve outra passagem por lá como pesquisador na Food And Drug Administration (FDA), Maryland (EUA), próximo a Washington. “Essas cidades têm um forte cenário musical e tive oportunidade de assistir a muitos shows e musicais”, relata. Isso fez com que se tornasse fã do cancioneiro norte-americano, incluindo musicais, big bands, filmes, rádio, jazz e pop do final dos anos 1950 até os anos 70.
Atualmente, no Ambulatório da Unifesp, cuida dos índios que vêm até São Paulo para tratamento especializado, e também dos que residem em áreas próximas da Capital, mas não conseguem atendimento em prontos-socorros.
Lafer também trabalha no setor de pesquisa do Hospital Albert Einstein e presta atendimentos à população carente no Centro Assistencial Cruz de Malta. “Gosto desse envolvimento com quem realmente precisa”, declara.
O músico Manu
A carreira internacional de cantor e compositor de Lafer é mantida concomitantemente com a de médico. “Sempre transitei entre três e cinco atividades profissionais”, diz ele.
É autor de mais de 300 letras, 100 delas gravadas. Em 1995, começou a divulgar seu trabalho e, em 1997, mesmo ano de sua formatura, lançou seu primeiro CD. Soma, até o momento, nove álbuns autorais. Entre suas performances, trabalhou com Danilo, Nana e Dori Caymmi, Lincoln Olivetti e Ná Ozetti, entre outros. No exterior, apresentou-se no Festival Águas de Berlim, e trabalhou com os guitarristas John Pizzarelli e Howard Alden, e outros músicos consagrados.
A música está nas raízes mais antigas de sua árvore genealógica. Parte de sua família, natural de Odessa – ilha entre a Ucrânia e a Rússia –, fugiu para os EUA, e muitos de seus primos tocam algum instrumento. Entre eles, há um primo que tornou-se um conhecido violinista, Bruce Molsky, além de uma tia que é cantora lírica.
Artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso, que ouve desde a infância, Gilberto Gil, Jorge Benjor e João Gilberto, de quem é grande admirador, são referências para sua música. “Na minha época, o João já não fazia muitos shows, mas quando eu sabia que haveria três dias de apresentações, ia aos três”, lembra orgulhoso. Também gosta de nomes do samba antigo, como Noel Rosa e Geraldo Pereira, que fazem parte de seu repertório.
No palco
Lafer, com seu violão personalizado, projetado por um engenheiro alemão, mostra talento e autoconfiança atrás do microfone no palco. Ele está em turnê para o lançamento de seu novo álbum Um lado meu que você não conhece. Durante o show, divide o palco com o parceiro Dori Caymmi, com quem produziu o disco. Juntos, emocionam, arrancam risadas e aplausos da plateia.
Dori Caymmi e Lafer durante show em São Paulo