CAPA
EDITORIAL (Pág.2)
Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (Pág. 3)
Paulo Hoff
PROFISSIONAIS DA SAÚDE (Pág. 4)
Campanha conjunta
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág.5)
Reabilitação
SAÚDE PÚBLICA I (Pág. 6)
Sífilis congênita
SAÚDE PÚBLICA II (Pág. 7)
Imunização
JUDICIALIZAÇÃO (Pág. 8 e 9)
Decisão jurídica
LITERATURA (Pág. 10)
Novas publicações
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (Pág.11)
Eventos com a presença do Cremesp
EU MÉDICO (Pág. 12)
Gabriel Liguori
PARCERIAS (Pág. 13)
Exame do Cremesp
EDITAIS (Pág. 14)
Convocações
BIOÉTICA (pág. 15)
Bolsas para residentes
GALERIA DE FOTOS
LITERATURA (Pág. 10)
Novas publicações
Livros do Cremesp enfatizam
reconhecimento e cooperação para
a saúde mental no trabalho
Denise, Mauro Aranha, Cordeiro e Ayer no debate
com especialistas
O trabalho colaborativo e transrelacional, no qual um profissional aprende e ensina o outro, em que um transforma o outro, levando a uma totalidade criativa, organizada e justa, tende a tornar as tarefas prazerosas. Essa ideia permeia os livros Saúde mental e trabalho e Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde, publicados pelo Cremesp, que ganharam lançamento no dia 11 de maio, no auditório da sede Consolação.
“Quando o indivíduo sente que o trabalho é significativo também para o outro e há o reconhecimento de sua própria atuação, dá para ser feliz com o trabalho”, afirma o psiquiatra Mauro Aranha, presidente do Cremesp e um dos organizadores da obra, ao lado de Denise Razzouk, psiquiatra e professora do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, e Quirino Cordeiro Júnior, professor e chefe do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. As obras são compostas por artigos de psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, especialistas e estudiosos da saúde mental e estão disponíveis online no site do Cremesp (www. cremesp.org.br). “Os livros trazem essa essencialidade e respeitam o princípio da justiça e da vida significativa para cada um que trabalha nas instituições, o que tem a ver com saúde mental”, comentou o presidente do Cremesp.
Resgate
Cordeiro explicou que a ideia da produção do livro e dos eventos sobre o tema veio das discussões da Câmara Técnica de Psiquiatria do Cremesp. “Em uma dessas conversas, falamos a respeito da situação do trabalho como fator que pode contribuir e resgatar da doença. E assim, após dois anos de trabalho, surgiram as duas obras que podem contribuir para o debate em torno da saúde mental e trazem ações que já estão em curso, com resultados interessantes”, disse. Ele mencionou os impactos negativos à saúde mental dos profissionais da saúde que trabalham, frequentemente, com uma carga horária elevada, remuneração nem sempre condizente e enfrentam situações graves, além de estarem sujeitos à violência.
Para Denise, falta um posicionamento dos profissionais de saúde mental sobre como encarar de frente os problemas do transtorno mental no trabalho. “Por isso, é importante o apoio do Cremesp para nos auxiliar no que diz respeito não só às relações de trabalho como também de como enfrentar o estigma desses pacientes, uma vez que frequentemente são afastados ou demitidos quando há diagnóstico de doença mental”, afirma.
As duas obras estão disponíveis online no site do Cremesp
Outras publicações
Além dos dois livros, a Câmara Técnica de Psiquiatria produziu outras publicações de grande repercussão, como Transtorno mental e perda da liberdade, Hospital de Custódia: prisão sem tratamento e Medida de Segurança – uma questão de saúde e ética. Todos eles foram coordenados por Reinaldo Ayer, conselheiro responsável pela área de publicações do Cremesp, também presente ao debate que se seguiu às palestras.
Psicodinâmica do trabalho
O lançamento do livro contou com palestras da professora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Selma Lancman, e da terapeuta ocupacional da FMUSP, Juliana de Oliveira Barros. Selma analisa o trabalho individual ou coletivo como, antes de tudo, uma relação social. Ela diz que o reconhecimento no trabalho é imprescindível para a construção da identidade e que isso depende sempre do outro. “O reconhecimento é essencial para transformar trabalho em prazer. E quando ele não existe, essa frustração se generaliza para outras situações, contaminando o tempo do não trabalho”, disse. Ela comentou que no desafio do trabalho há sofrimento, mas o importante é o destino dado a ele e como se constrói significado na vida do indivíduo. Ou seja, se as outras pessoas entendem a sua contribuição para o grupo ou para a sociedade, e se você pode realizar a atividade a contento, esse sentimento se transforma em prazer e não em adoecimento.
Mas o reconhecimento dos profissionais da saúde é imaterial e, muitas vezes, a avaliação é sobre o produto final e não do processo. “Desta forma, a qualidade desse trabalho se torna enigmática”, comentou Juliana, que realizou uma tese sobre o tema baseada em uma pesquisa realizada com médicos chefes de plantão do Hospital Universitário da USP. As conclusões a que chegou foram que, mesmo frente à complexidade do trabalho, o sistema funciona bem, e eles são reconhecidos como uma figura de autoridade, validado pela competência profissional, para os subordinados, e pela habilidade de mediação, para os gestores do hospital. Além disso, há processos de cooperação na gestão, ampliando a capacidade de agir dos profissionais. “Cooperação e reconhecimento são aspectos importantes para prevenir o adoecimento no trabalho”, ressaltou.