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CAPA

EDITORIAL (Pág.2)
Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (Pág. 3)
Paulo Hoff


PROFISSIONAIS DA SAÚDE (Pág. 4)
Campanha conjunta


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág.5)
Reabilitação


SAÚDE PÚBLICA I (Pág. 6)
Sífilis congênita


SAÚDE PÚBLICA II (Pág. 7)
Imunização


JUDICIALIZAÇÃO (Pág. 8 e 9)
Decisão jurídica


LITERATURA (Pág. 10)
Novas publicações


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (Pág.11)
Eventos com a presença do Cremesp


EU MÉDICO (Pág. 12)
Gabriel Liguori


PARCERIAS (Pág. 13)
Exame do Cremesp


EDITAIS (Pág. 14)
Convocações


BIOÉTICA (pág. 15)
Bolsas para residentes


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Edição 336 - 05/2016

EDITORIAL (Pág.2)

Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp


Diálogo e tolerância

“Quando a violência da guerra já não poupa nem médicos,
enfermeiros e hospitais, alguma coisa precisa mudar”

 

O Cremesp lançou dois importantes livros pa­ra a Medicina e para a sociedade: Saúde Mental e Trabalho e Trabalho e Saúde Mental dos Profissionais da Saúde. O estudo da mente humana é essencial para promover o bem-estar dos indivíduos e das comunidades.

A nós, profissionais da saúde, cabe colaborarmos para a integração do físico e do psíquico, para que cientistas sociais proponham, e gestores públicos implementem, ações políticas para a construção de um país socialmente sustentável.

Na relação saúde mental e trabalho, a precariedade de um desvirtua o andamento do outro. E, no campo estrito das profissões da saúde, existem inúmeros diferenciais a se considerar, pois se trata de ofício, a um só tempo, desafiador e gratificante. Destaco, como ponto essencial para nosso equilíbrio, a harmonização das relações multiprofissionais.  Ao tocar nesse aspecto, me dou a oportunidade de homenagear as 15 categorias da área da Saúde. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos e todos os demais profissionais da área que procuram oferecer uma boa assistência aos cidadãos, mesmo com as incontáveis debilidades do sistema. E, em clima, por vezes, de muita ansiedade e dor, constroem a sinergia necessária para que a atuação conjunta resulte em conforto e luz aos pacientes.

Diálogo e tolerância nos edificam em todos os momentos da vida, em especial no campo da Saúde. Agora mesmo enfrentamos uma controvérsia quanto à prescrição de medicamentos por farmacêuticos (veja na pág. 4). Um primeiro impulso nos levaria apenas a uma guerra judicial, até às últimas consequências. Criaríamos uma animosidade, em tudo lesiva à população, entre duas classes que se respeitam e têm um histórico milenar de cooperação.

Em vez disso, conversamos com o presidente do CRF-SP, Pedro Eduardo Menegasso, para buscar convergências e discutir eventuais equívocos das resoluções. Atuaremos visando ao esclarecimento, para a sociedade, da relevância das boas relações entre as duas profissões, cada uma com suas responsabilidades, prerrogativas e limites legais. 

Quando, em divergências, apostamos na cisão, como vem ocorrendo na política nacional e internacional, multiplicamos desavenças, perdemos força criativa e precursora de vidas promissoras e saudáveis e, claro, de sociedades justas e felizes. 

O acirramento extremado distorce a harmonia entre partes e enfraquece conjuntos, em vitórias efêmeras que nos fazem, a todos, perder.

A cultura da soberba e do ódio, como vemos atualmente, nos estarrece de espanto.

E quando a violência da guerra já não poupa nem médicos, enfermeiros e hospitais, alguma coisa precisa mudar. Em todos nós, e já!

 


Opinião
A abandonada Atenção Primária

João Ladislau Rosa
Conselheiro do Cremesp

 

A Atenção Primária à Saúde (APS) é conhecida no mundo todo como uma estratégia de organização da atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades.

Esta concepção aparece pela primeira vez no chamado Relatório Dawnson, em 1920. Esse documento do governo inglês procurou, de um lado, contrapor-se ao modelo americano flexneriano, de cunho curativo e individualista, e por outro, constituir-se numa referência para a organização do modelo de atenção inglês, que começava a preocupar as autoridades daquele país, devido ao elevado custo, à crescente complexidade da atenção médica e à baixa resolutividade.

No Brasil, a APS incorpora os princípios da Reforma Sanitária, levando o Sistema Único de Saúde (SUS) a adotar a designação Atenção Básica à Saúde (ABS) para enfatizar a reorientação do modelo assistencial, a partir de um sistema universal e integrado de atenção à saúde.

Na primeira metade do século 20, a APS reduzia-se a alguns centros de saúde que trabalhavam com educação sanitária. Com a reforma sanitária e o advento do SUS, a APS passa a ter maior destaque, seguindo tendência internacional.­

A Estratégia da Saúde da Família e da Comunidade passa a ser o eixo estruturante do sistema de saúde.

Após a criação do SUS, mais de duas décadas se passaram. Governos de diferentes cores partidárias também passaram, defenderam e enalteceram o SUS, porém seus investimentos na saúde pública foram pífios, entre os menores da América Latina.

Esse parco destino de recursos segue rumos erráticos, de acordo com interesses diversos. Investe-se em tecnologias de alta complexidade, necessárias, de alto custo, mas relega-se a atenção básica a um segundo plano.

A APS persiste abandonada pelas autoridades sanitárias, desenvolve-se lentamente. Não acompanha o crescimento demográfico. Não atinge a população como um todo. Esse abandono aumenta a prevalência de doenças crônicas e perde o controle das doenças agudas. As epidemias em curso — dengue, gripe H1N1, zika, chikungunya — são a prova do descontrole e do descaso do poder público.

Doenças letais, porém, controláveis, atingem a população como um todo, sem distinção de classe social. Tanto o atendimento individualizado como as ações coletivas são necessários. No entanto, é importante um equilíbrio no investimento nos mais diversos níveis de atenção à saúde. A APS vem perdendo nessa contenda.

 

 

 


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