CAPA
EDITORIAL (Pág.2)
Mauro Gomes Aranha de Lima
ENTREVISTA (Pág. 3)
Jorge Kalil
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág.4)
Saúde da mulher
FORMAÇÃO MÉDICA (Pág. 5)
Cremesp Educação
SAÚDE PÚBLICA (Pág. 6)
Fosfoetanolamina
SAÚDE PÚBLICA 2 (Pág. 7)
Influenza
H1N1 - (Pág. 8)
Oseltamivir
DSTs - (Pág. 9)
DSTs
JOVENS MÉDICOS (Pág. 10)
Ameresp
EU MÉDICO (Pág. 11)
Horas da Vida
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (Pág.12)
Bráulio Luna e Mauro Aranha
GESTÃO (Pág.13)
Rodízio de diretores
EDITAIS (Pág. 14)
Convocações
BIOÉTICA - (Pág. 15)
Aborto: limites e proibições
GALERIA DE FOTOS
ENTREVISTA (Pág. 3)
Jorge Kalil
Vacina brasileira contra dengue está em última fase de testes
“A vacina é fundamental para combater a doença de maneira ampla”
A primeira vacina brasileira contra dengue, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o National Institutes of Health (EUA), está em sua última fase de testes. Os estudos clínicos promovidos pelo Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, contarão com o apoio de instituições parceiras em todo o País, como o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, onde a fase atual da pesquisa vem sendo realizada até o momento. A previsão é que cerca de 17 mil voluntários participem da pesquisa em todo o Brasil. Nesta entrevista ao Jornal do Cremesp, Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, professor titular de Imunologia Clínica e Alergia e chefe do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração da FMUSP, fala sobre as perspectivas de produção da vacina brasileira, observando que ela “é fundamental para combater a doença de maneira ampla”.
O professor Kalil também preside o Conselho Diretor da Fundação Butantan, o Conselho da Fundação Zerbini e a International Union of Immunological Societies (IUIS).
- Em que fase estão as pesquisas do Instituto Butantan para a criação de uma vacina brasileira contra a dengue?
A vacina do Instituto Butantan, desenvolvida em parceria com o National Institutes of Health (EUA), está na terceira e última fase de testes clínicos. Os estudos começaram pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, um dos 14 centros credenciados pelo Butantan para a realização dos testes, que envolverão 17 mil participantes em todo o Brasil. Além do HC, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo também foi credenciada para a realização dos testes da fase 3. Nos outros 12 centros, o cronograma de vacinação deverá ser divulgado em breve.
- Qualquer pessoa pode se voluntariar ou há restrições?
Podem ser voluntários do estudo pessoas que estejam saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida, e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os interessados podem procurar o SAC do Butantan pelo e-mail sac@butantan.gov.br.
- Por quanto tempo esses pacientes serão acompanhados?
Os participantes serão acompanhados por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina. O monitoramento será feito por meio de visitas programadas para a coleta de amostras, além de contatos telefônicos e mensagens por celular.
- Há algum risco em participar desses testes ou a vacina é inteiramente segura?
A vacina já foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos EUA, pelo NIH, e 300 na etapa realizada na cidade de São Paulo, na Faculdade de Medicina da USP, parceira do Instituto Butantan. Os dados disponíveis das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, pois induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e é potencialmente eficaz. Os participantes apresentaram como reações adversas, em alguns casos, rash cutâneo, que demonstra boa resposta imunológica. Os brasileiros estão sensibilizados quanto ao tema e acreditamos que isso fará com que os ensaios clínicos tenham boa adesão. Além disso, um estudo divulgado recentemente pelo NIH revelou que a vacina oferece proteção completa contra o vírus. Em um teste conhecido como “desafio em humanos”, também realizado nos EUA, um grupo de voluntários foi imunizado e depois recebeu uma forma amenizada do vírus da dengue para avaliar a eficácia da vacina. Os participantes que não tinham tido dengue contraíram a doença depois de vacinados, e aqueles que já tinham sido imunizados não apresentaram qualquer sintoma da doença, comprovando que estavam completamente protegidos.
- Existe previsão para a disponibilidade da vacina na rede pública?
A estimativa do Butantan é que todos os participantes estejam vacinados dentro de um ano. Os resultados da pesquisa dependem de como será a circulação do vírus, mas acreditamos ser possível ter a vacina disponível para registro até 2018.
- A vacina também garantirá proteção contra o zika e a chikungunya ou somente para dengue?
A vacina do Instituto Butantan tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue, mas não atinge o zika nem a chikungunya.
- Existem diferenças entre a vacina do Instituto Butantan e a do laboratório Sanofi, recentemente liberada para registro pela Anvisa?
Sim, a nossa vacina requer uma única dose para imunização e se destina a uma faixa etária mais ampla. É produzida com os vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos. Isto implica uma resposta imunológica mais forte, mas, como estão enfraquecidos, os vírus não têm potencial para provocar a doença.
- Em que medida essa vacina irá reduzir a possibilidade de novas epidemias de dengue no País?
A dengue é uma doença endêmica no Brasil e em mais de 100 países. A vacina brasileira produzida pelo Instituto Butantan será certamente uma importante arma de prevenção para que o País possa delinear estratégias de imunização em massa, protegendo nossa população contra a doença e suas complicações. É importante destacar que as medidas de controle do Aedes Aegypti são necessárias e devem continuar para que evitemos novas epidemias.