CAPA
EDITORIAL (Pág.2)
Bráulio Luna Filho
ENTREVISTA (Pág. 3)
William Saad Hossne
ALERTA TERAPÊUTICO (Pág. 4)
Krikor Boyaciyan*
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (Pág.5)
Psiquiatria
CONDIÇÕES DE TRABALHO (Pág. 6)
Violência
NOVA SEDE (Pág. 7)
Alteração de endereço
ENSINO MÉDICO 1 (Pág. 8)
Cremesp Educação
ENSINO MÉDICO 2 (Pág. 9)
NBME
EVENTOS (Pág.10)
Atualização
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (Pág.11)
Atividades do Conselho
EU MÉDICO (Pág. 12)
Antranik Manissadjian
SAÚDE SUPLEMENTAR (Pág. 13)
Planos de saúde
EDITAIS (Pág. 14)
Convocações
SAÚDE PÚBLICA (Pág. 15)
Zika vírus
GALERIA DE FOTOS
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (Pág.5)
Psiquiatria
Bairral oferece programas específicos de
tratamento psiquiátrico
Aberto a novas práticas, hospital preconiza
a união de assistência hospitalar qualificada para casos agudos
e cuidados extrahospitalares para reinserção social
de pacientes crônicos
Complexo Bairral: seis ambientes distintos para
diferentes tratamentos
O Instituto Bairral de Psiquiatria de Itapira (SP) reúne a experiência de 80 anos com a disposição de um jovem hospital aberto a novas práticas e tratamentos em saúde mental. O hospital foi fundado em 1937, época em que os cuidados aos enfermos mentais se restringiam a trancá-los em manicômios e a medicá-los com drogas pouco eficazes, associadas a desagravos físicos. Já na década de 1970, o hospital foi um dos primeiros a separar doentes por perfil de diagnóstico, prática atualmente adotada pelas melhores instituições. “A ideia é reunir pacientes que tenham as mesmas características em termos de patologia, oferecendo programas específicos de tratamento. As respostas são muito melhores”, diz o psiquiatra Marcelo Ortiz de Souza, diretor executivo da Fundação.
“A divisão de pacientes por perfil de diagnósticos é uma tendência nos hospitais-escolas, e o Bairral foi pioneiro. Essa separação faz com que os processos sejam mais bem adaptados às demandas daquele grupo clínico”, diz Renato Luiz Marchetti, coordenador da Residência Médica do Bairral e do Projeto de Neuropsiquiatria da Epilepsia (Projepsi), do Instituto de Psiquiatria do HC-USP e membro ca Câmara Técnica de Psiquiatria do Cremesp.
Outra inovação do Bairral é o tratamento integral do paciente, da prevenção em crianças ao tratamento ambulatorial, reservando a internação como último recurso. “O Bairral começou com uma unidade de internação psiquiátrica mas, de uma década para cá, adotou recursos extra-hospitalares”, diz Souza. O hospital tem um ambulatório de saúde mental em parceria com a Prefeitura de Itapira. Atende cerca de 300 pacientes divididos em subespecialidades, como ambulatórios de Psiquiatria Infantil, de Geriatria e de Transtornos do Humor, entre outros.
Divisões
Criada em 1937, a Fundação Espírita Américo Bairral é a mantenedora do Instituto de Psiquiatria Bairral de Itapira, a 170 km de São Paulo e a 75,3 km de Campinas. Foi um início dramático, relatam seus diretores. Como ocorria com outros hospitais psiquiátricos da época, o Bairral vivia de donativos, atendendo enfermos indigentes trazidos das mais diversas regiões do País, sem diagnóstico prévio. Mudanças importantes aconteceram a partir dos anos 1960, com nova direção, novas políticas de tratamento e o primeiro convênio com o então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
O passo seguinte foi a abertura do Bairral para pacientes privados e de convênio, atendidos em “mini-hospitais” externos ao Instituto Central e desenhados para diferentes perfis de diagnóstico. Seis ambientes foram abertos a partir de 1969, o Recanto, naquele ano; a Vivenda, em 1971; e a Estância, em 1975; além do Núcleo de Tratamento Intensivo, em 2005. Cada unidade tem cor, arquitetura, equipamentos próprios e um perfil de pacientes diferentes. No espaço Recanto, por exemplo, estão internos com quadros psicóticos deficitários e rebaixamento intelectual. O Vale Verde é destinado aos pacientes com comprometimento cognitivo avançado, que necessitam de auxílio para atividades elementares. O Instituto Central, que foi o primeiro edifício do hospital, é o setor que abriga pacientes do SUS e que, internamente, também é dividido por perfis diagnósticos. Ali estão 511 pacientes do SUS. Outros 313, do setor privado, encontram-se nos seis mini-hospitais.
Ambientação
Com área de 400 mil m2, o Bairral lembra um horto florestal, com grandes extensões de verde entre as unidades e espaços para diferentes atividades. Segundo a direção do instituto, o conjunto visa assegurar harmonia, equilíbrio e qualidade de vida aos pacientes.
A importância do hospital é reforçada pelas parcerias com universidades de renome como USP, Unifesp e Unicamp. Em 2012, ampliou sua presença no ensino e pesquisa com a abertura da Residência Médica, com 24 vagas. “A Residência Médica amplia o perfil do hospital, já que os residentes precisam atender em todos os ambientes, desde as unidades básicas de saúde, aos prontos-socorros de hospitais gerais, ambulatórios e atendimento no próprio hospital”, diz Marchetti.
Hospital adota recursos extra-hospitalares
A história de 80 anos do Bairral passa por embates de grande importância na política de saúde psiquiátrica. Até os anos 1960, o cenário era de abandono dos pacientes em instituições fechadas. A partir da Reforma Psiquiátrica iniciada na Itália, a antipsiquiatria se estende por muitos países, pregando a “derrubada dos muros” dos manicômios. No Brasil, depois de anos de embates, o Congresso aprovou a lei 10.216, em 2001, que ficou conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica. Nas suas diretrizes, a lei determina que, para cada leito de hospital psiquiátrico fechado, seria aberta uma nova vaga em serviço de atendimento especializado, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Hoje, segundo o Ministério da Saúde, há 25 mil pacientes em hospitais psiquiátricos e 10% deles serão retirados neste ano.
“Com o movimento contrário à institucionalização e o desenvolvimento de novos tratamentos, uma parcela grande de pacientes não precisa mais de internação”, diz Souza, diretor do Bairral. Quinze anos depois da Lei da Reforma Psiquiátrica, o embate continua: um lado prega o fim de todos os hospitais psiquiátricos; o outro, defende a necessidade de um ambiente seguro e protegido para parte dos pacientes, até que possam retornar ao convívio social. O Bairral prega a junção dessas duas correntes. “O hospital começou como unidade de internação psiquiátrica, mas de 30 anos para cá vem adotando recursos extra-hospitalares”, explica. O hospital associa a atenção a pacientes crônicos com o tratamento de casos agudos. O ambulatório do Bairral, por exemplo, tem cerca de 3 mil pacientes cadastrados. Entre os internados, a maioria permanece ali entre 40 e 60 dias.