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EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Pedro Caetano Sanches Mancuso


TRABALHO MÉDICO (pág. 4)
Atuação profissional


CONTEÚDO DIGITAL (pág. 5)
JC na versão digital


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Combate ao câncer


FÓRUM (pág. 7)
A Saúde do Brasil


CRISE NA SAÚDE (págs. 8 e 9)
SUS


HISTÓRIA (pág. 10)
Genocídio Armênio


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
4º Lide Saúde e Bem-Estar


EU, MÉDICO (pág. 12)
Trabalho e Humanização


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Plantão Regulador


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais e desagravo público


BIOÉTICA (pág. 15)
Saúde Mental em Pediatria


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Edição 325 - 05/2015

BIOÉTICA (pág. 15)

Saúde Mental em Pediatria


Especialistas questionam excesso de drogas psiquiátricas
a crianças e adolescentes


Solução contra exagero na prescrição está relacionada ao preparo
dos profissionais para o diagnóstico bem feito

 

Vídeo viralizado no Facebook questiona se crianças e adolescentes têm recebido remédios psiquiátricos demais, sem critérios estritos e eticamente embasados. Nos Estados Unidos, por exemplo, o assunto está na pauta faz tempo, criando teorias diversas, que vão desde a falta de controle de família e escola sobre novas gerações, dispostas a enfrentar e a questionar padrões, até um eventual vínculo entre especialistas e indústria farmacêutica, inventando doenças para vender remédios. Longe do debate ideológico, vale refletir: e no Brasil, há exageros?

Com cerca de dois minutos e produzido pela Comissão dos Cidadãos para os Direitos Humanos (ou The Citizens Commission on Human Rights (CCHR), en­tidade sem fins lucrativos sediada em Los Angeles, EUA), o filme (veja em ­https://www.youtube. com/watch?v=Wv49RFo 1ckQ) insinua que menores são rotulados como portadores de transtornos, perdendo quimicamente suas vocações. A menina diagnosticada com Transtorno Desafiador Opositivo seria, na verdade, uma líder, e o garoto, com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), um inventor – e assim por diante.

Para as médicas da Unidade de Psiquiatria Infantil e Adolescência (UPIA), da Unifesp/EPM, as imagens representam uma visão deturpada e limitada do assunto. “O objetivo principal do tratamento nunca deve ser apenas a redução dos sintomas, mas sim auxiliar as crianças a se desenvolverem da melhor forma possível, alcançando seu potencial”, explica a coordenadora do grupo Ivete Gattás, ladeada pelas colegas Maria Conceição do Rosário, Sheila Cavalcante Caetano e Ana Gabriela Hounie. “Transtornos psiquiátricos, nesta faixa etária, existem e causam grande comprometimento social, acadêmico e familiar”.
 

Remédios de menos?

As especialistas apoiam seus pontos de vista em estudos científicos e epidemiológicos que mostram a prevalência mundial de 12% a 20% de transtornos mentais entre crianças e adolescentes. No Brasil, “com certeza, o número de atendidos é bem menor do que a real demanda”.

Nesse sentido, torna-se necessário avaliar diferenças sociais dos públicos a quem se destinam os remédios. Para o psiquiatra Mauro Aranha, vice-presidente do Cremesp e coordenador da Câmara Técnica de Saúde Mental da Casa, há questões de justiça social envolvidas. “Crianças que não contam com acesso à Saúde são submedicadas; aquelas com mais recursos, hipermedicadas”, resume.

A solução contra exagero ou falta está relacionada ao preparo dos especialistas para diagnósticos bem feitos. “Ao mal diagnosticar pode-se estar ‘psiquiatrizando’ determinada situação”, opina o psiquiatra. Isto é, atribuindo-se a uma eventual “deficiência do funcionamento cerebral” relações deterioradas da criança ou jovem com o ambiente, pais ou escola. “Uma boa anamnese feita por psiquiatra experiente e a análise minuciosa das relações, com auxílio de demais membros da equipe de saúde, podem recomendar medicação isoladamente, ou em conjunto com outras técnicas”, esclarece.

Apesar de a família ser essencial no processo, é preciso atenção do médico para não sucumbir à pressão para tratar de forma desnecessária. “Muitos carregam aquela visão de que o filho só é feliz se ‘funcionar bem’: se for um bom aluno, brincar sem brigar, entrar na melhor faculdade. Enfim, é preciso cuidado para não ‘patologizar’, se a pessoa não atender exatamente o que se espera dela”, termina.
 

Indústria é a vilã?

A polêmica médica Mar­cia Angell (ex-editora-chefe da New England Journal of Medicine), em entrevista à revista Ser Médico nº 61, do Cremesp, já esboçava preocupação quanto ao abuso na prescrição de drogas psiquiátricas a crianças. “Muitas vezes, especialistas contam com vínculos financeiros com laboratórios farmacêuticos, em vez de comprometimento com estudos científicos”.

Já Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH), em editorial publicado no site do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos EUA, opina: “os fatos simplesmente não se encaixam”, ao culparem-se laboratórios, pais ou escolas pelo “aumento” de prescrições a tal contingente. Ele questiona se o aumento da utilização de medicação é problema ou sintoma. E, ainda, se o problema é exagero de tratamento ou aumento de necessidade.
 



A polêmica do metilfenidato
 

Portaria n° 986/2014, com protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o emprego do metilfenidato (usado no tratamento do TDAH), no âmbito da Secretaria Mu­nicipal da Saúde de São Paulo, causou surpresa à parcela de psiquiatras da infância e adolescência, que temia cerceamento de autonomia de prescrição. Por outro lado, a norma é defendida por outros especialistas, co­mo os psicanalistas Paulo Schiller e Ilana Katz, que a consideram “passo essencial” contra uma “epidemia” de diagnósticos de TDAH.

Para Mauro Aranha, coordenador da Câmara Técnica de Saúde Mental do Cremesp, ao normatizar o tema, o Estado tenta cumprir seu papel de proteger a sociedade de possíveis efeitos colaterais das drogas, e regular a demanda, conforme postura equitativa de distribuição de recursos. “Só que não se pode ser arbitrário ou ideológico nessas atitudes”, principalmente quando é envolvido um público tão vulnerável.

Pensando nisso, Aranha levou questionamentos da Câmara à equipe técnica da Prefeitura, que garantiu que as dificuldades para a prescrição serão avaliadas caso a caso.

 


 


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