CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
Tim Swanwick
LEGISLAÇÃO (pág. 4)
Limites da atuação do médico e do farmacêutico
MAIS MÉDICOS (pág. 5)
As falhas do Programa em São Paulo
SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 6)
Contratualização formal dos médicos
MOVIMENTO MÉDICO (pág. 7)
Plano de Carreira
ENSINO MÉDICO (pág. 8)
Avaliação de egressos
ENSINO MÉDICO (pág. 9)
Opinião acadêmica
PLENÁRIA TEMÁTICA (pág. 10
Trote, preconceito e assédio
EBOLA (pág. 11)
Medidas de precaução
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 12)
Inauguração
JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Falsificação de atestado médico
ANUIDADE 2015 (pág. 14)
Desconto para PJ
BIOÉTICA (pág. 15)
Avanço tecnológico e acesso dos pacientes
GALERIA DE FOTOS
MAIS MÉDICOS (pág. 5)
As falhas do Programa em São Paulo
Pesquisa inédita mostra falhas na supervisão
Médicos brasileiros vêm denunciando, há meses, falhas do Programa Mias Médicos
Os intercambistas do Programa Mais Médicos no município de São Paulo não estão tendo supervisão médica adequada: 12% não têm supervisor, 41% não informam a respeito, e 25% não sabem se a recebem. Contudo, a lei que criou o programa determina, em seu artigo 15, alínea II, que eles devem ter supervisão contínua e permanente de um profissional médico. Apenas 20% deles declararam recebê-la e 1% disse que ela é feita por outros profissionais, como dentistas ou enfermeiros.
Os dados, inéditos, resultam de vistoria feita pelo Cremesp sobre a atuação e condições de trabalho de 98 médicos do programa, em 75 das 134 UBSs da Capital nas quais o Mais Médicos está presente. A vistoria, feita entre abril e maio deste ano, abrangeu, também, as condições dessas unidades e incluiu entrevistas com outros 115 médicos brasileiros que trabalham nas mesmas unidades.
Além disso, 35% dos intercambistas não têm tutor acadêmico, que, também de acordo com a lei, deve ser um docente médico. Outros 53% têm contato esporádico, a cada 30 ou 60 dias.
“A lei diz que esses intercambistas devem ter supervisores e tutores, mas eles estão totalmente abandonados, prestando assistência sozinhos e sem proficiência da língua portuguesa, o que também compromete muito o trabalho”, afirma o presidente do Cremesp, João Ladislau Rosa. “São médicos que vêm para o Brasil como intercambistas, ou seja, em nosso entendimento, visam estudar e aprimorar-se na profissão. Contudo, prestam assistência ao povo brasileiro sem as condições mínimas para a prática médica”, assegurou.
A pesquisa mostra também que os médicos cubanos do Mais Médicos – que representam 78,6% do total – ganham apenas um terço do valor pago aos demais intercambistas, criando uma situação de discriminação que interfere na qualidade da assistência.
Principais resultados
- 78,6% dos médicos intercambistas da amostra na capital paulista são cubanos. Do total de 98, eles são 77;
- 14,3% são de nacionalidade brasileira, com formação em outros países;
- 7 têm outras nacionalidades: dois bolivianos; um argentino, um croata, um espanhol, um português e um uruguaio;
- 81 dos 98 médicos intercambistas têm especialização em Medicina de Família; três são especialistas em Clínica Médica, um em Psiquiatria, um em Cirurgia Plástica, e 12 não declararam especialidade;
- 76 dos 77 intercambistas cubanos atuaram em outro lugar, além de Cuba, antes de vir ao Brasil; apenas 13, do total de intercambistas – incluindo nove brasileiros –, trabalharam apenas em seus países de origem;
- 16,25 anos é o tempo médio de formado do grupo de entrevistados. Entre os 77 cubanos, a média de tempo de formado é 18,78 anos;
- 71,03% dos médicos do programa não pretendem fazer exame para revalidar diploma no Brasil;
- 66,3% dos intercambistas não querem fazer especialização no Brasil;
- 73 dos 98 médicos não pretendem ficar no Brasil depois de terminado o intercâmbio. O programa prevê três anos de atendimento aqui, renováveis por mais três.
- 88 dos 98 estão muito satisfeitos ou satisfeitos com as condições da unidade onde trabalham; os outros 10 se dizem parcialmente satisfeitos;
- O salário é de R$ 10 mil por mês, por jornada de 40 horas. Os cubanos recebem o equivalente a US$ 1.245, que correspondem a R$ 3.050 (cotação de 20 de outubro).
Médicos brasileiros também se dizem satisfeitos
- 88 dos 115 médicos que não participam do Mais Médicos entrevistados pelo Cremesp nas mesmas unidades, afirmam estar muito satisfeitos ou satisfeitos com a profissão. Outros 24 afirmaram estar parcialmente satisfeitos, e três, parcialmente insatisfeitos;
- 107 dos 115 brasileiros com registro no Cremesp estão satisfeitos em algum nível com a unidade onde trabalham. Oito se dizem parcialmente insatisfeitos ou insatisfeitos.
Confira a pesquisa, na íntegra, no portal ww.cremesp.org.br (em Últimas notícias)
Falta material e medicamento nas UBSs
Durante as vistorias nas UBSs, os fiscais do Cremesp registraram carência de materiais, medicamentos e aparelhos. Das unidades vistoriadas, 82% não possuem sala para um atendimento emergencial; 12% tinham medicamento fora de validade; 14% não possuíam desfibrilador; em 80% a falta de medicamentos é frequente; e 28% não contam com sanitário no consultório de ginecologia e obstetrícia.
Municípios paulistas oficializam cursos de Medicina
Os municípios paulistas de Araras, Mauá e São Bernardo do Campo, Araçatuba e Bauru assinaram termo de compromisso com o governo federal para o funcionamento de cursos de Medicina, uma iniciativa que integra o Programa Mais Médicos. Ao todo, 39 cidades no País foram selecionadas para receber as faculdades, sendo 14 no Estado de São Paulo.
Em parceria com o Ministério da Educação, serão abertas 11,5 mil vagas nos cursos de Medicina no Brasil, até 2017, e 12 mil vagas para formação de especialistas até 2020.
Operação barra tentativa de fraude para atuar no programa
A Operação Esculápio, realizada pela Polícia Federal, evitou o ingresso de falsos profissionais no Programa Mais Médicos, por meio de revalidação de diplomas estrangeiros. Foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão. O objetivo é desarticular fraudes na emissão de certidões de cursos de Medicina realizadas em 14 Estados.
As investigações foram iniciadas após a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) informar que manteve contato com universidades bolivianas (Universidad Nacional Ecológica – UNE, Universidad Técnico Privada Cosmos – Unitepc; e Universidad Mayor de San Simon – UMSS), as quais confirmaram que, dentre os inscritos no programa de revalidação, 41nunca foram alunos ou não concluíram a graduação nessas instituições.