CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
Tim Swanwick
LEGISLAÇÃO (pág. 4)
Limites da atuação do médico e do farmacêutico
MAIS MÉDICOS (pág. 5)
As falhas do Programa em São Paulo
SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 6)
Contratualização formal dos médicos
MOVIMENTO MÉDICO (pág. 7)
Plano de Carreira
ENSINO MÉDICO (pág. 8)
Avaliação de egressos
ENSINO MÉDICO (pág. 9)
Opinião acadêmica
PLENÁRIA TEMÁTICA (pág. 10
Trote, preconceito e assédio
EBOLA (pág. 11)
Medidas de precaução
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 12)
Inauguração
JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Falsificação de atestado médico
ANUIDADE 2015 (pág. 14)
Desconto para PJ
BIOÉTICA (pág. 15)
Avanço tecnológico e acesso dos pacientes
GALERIA DE FOTOS
ENTREVISTA (pág. 3)
Tim Swanwick
Ensino médico no Reino Unido
“É necessário garantir um suporte adequado em preceptoria para residentes”
A importância da fiscalização dos Conselhos no controle de qualidade das escolas e a necessidade de garantir um suporte adequado em preceptoria para residentes em Medicina foram abordados por Tim Swanwick, reitor de pós-graduação do Conselho de Educação em Saúde do Health Education North Central & East London Stewart House, do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales), nesta entrevista concedida ao Jornal do Cremesp durante o Brazilian International Congress of Medical Students, organizado pela Unifesp, no final de outubro.
Segundo Swanwick, essas são condições indispensáveis para auxiliar os médicos no processo de transição da Residência para o trabalho profissional, capacitando-os a atender com segurança as demandas de saúde da população. Ele também comenta que existe uma tendência progressiva em estabelecer um exame nacional para o exercício da Medicina, mas que essa é, ainda, uma realidade distante.
Quais as atribuições dos Conselhos de Educação em Saúde no Reino Unido?
O HE NC & E Londres é um dos 13 Conselhos de Educação em Saúde no Reino Unido, que são responsáveis pela colocação multiprofissional e formação do futuro pessoal da saúde. Uma de suas responsabilidades específicas, por meio dos seus reitores de pós-graduação, é gerir os programas de Residência para 50 mil médicos em formação pós-graduada, sendo que 4.700 pertencem ao regional de Londres.
A maior crítica que se faz ao ensino médico brasileiro é a abertura indiscriminada de escolas de má qualidade, com falta de docentes e hospital-escola. Como é esse cenário no Reino Unido?
Cursos de Medicina no Reino Unido têm sido, historicamente, financiados pelo poder público, embora recentemente três escolas privadas tenham sido abertas, e estão apenas começando a receber seus primeiros alunos. No entanto, o reconhecimento da qualificação médica primária e a garantia de qualidade das escolas são responsabilidades legais de uma entidade reguladora independente, o General Medical Council (GMC).
Como é feito esse controle de qualidade?
Com um programa de fiscalização da qualidade de ensino e de outras verificações, o GMC se assegura de que todas as escolas de Medicina do Reino Unido ofereçam elevados padrões de educação, por meio de um currículo que garanta um conjunto de resultados nacionais. Tanto os padrões de qualidade como os resultados do currículo estão descritos no documento do GMC Tomorrow´s Doctors. O número de alunos nas escolas publicamente financiadas é controlado, assim como o limite do número de estudantes estrangeiros, embora haja pressão das universidades para liberar esses controles.
No Brasil, temos carência de vagas em Residência para formandos em Medicina. Há esse tipo de problema no seu país?
Os programas de Residência no Reino Unido são gerenciados por reitores de pós-graduação e suas equipes. O número de vagas para o Foundation training – nos dois primeiros anos de formação pós-graduada – é cuidadosamente supervisionados para assegurar que haja lugares suficientes para receber os egressos das faculdades de Medicina. A partir daí, os médicos em formação de pós-graduação participam de um programa de formação da especialidade que irá durar de três anos (médico de família) a sete anos (especialidades médicas e cirúrgicas). Nenhum médico pode entrar para o registo do GMC de clínicos gerais ou especialistas sem ter completado satisfatoriamente um programa de residência, apesar de que há uma via alternativa envolvendo a demonstração da equivalência. Atualmente existem muitos programas de residência para as nossas demandas. De fato, a nossa contagem de especialistas tem aumentado em 4% ao ano, o que nos obriga a encerrar alguns programas de especialidades em favor da prática clínica geral e de outros profissionais de saúde.
O Cremesp instituiu um exame para formandos em Medicina, para avaliar a qualidade das escolas, obrigatório para a obtenção do registro profissional. Considera importante esse tipo de avaliação para as escolas de Medicina?
No Reino Unido cada escola médica tem seus próprios exames finais e há uma transição progressiva para um exame nacional de licenciamento, mas isso ainda é algo distante. Um dos temores das escolas médicas é que isso vai permitir a comparação direta de seus resultados e conduzir a uma “tabela classificatória”. Isso atrasou a implementação de tal exame, embora haja um teste de prescrição nacional, e muitas escolas têm, por algum tempo, compartilhado o banco de perguntas MCQ.
Qual a duração do curso de Medicina no seu país? As vagas são muito disputadas?
Os cursos de graduação em Medicina no Reino Unido são de cinco anos, com um 6º ano opcional para realizar uma Licenciatura, intercalados em um tema de escolha do aluno. A entrada é altamente competitiva para algumas escolas (Oxford, Cambridge, UCLK, Imperial), mas não naquelas recentemente estabelecidas nas partes mais remotas do país.
Quanto ao currículo de Medicina, há alguma especificidade?
Programas de graduação são genéricos, mas tem havido uma tendência para que sejam focalizados os cuidados secundários. Isso está mudando com uma proporção cada vez maior no currículo, até agora dedicado majoritariamente aos cuidados primários.
Há problemas na distribuição de médicos no Reino Unido?
Nós também lutamos, em algumas especialidades, para encontrar médicos para trabalhar fora das grandes cidades, tanto GPs (General Practitioner) qualificados como especialistas. Em função disso, os programas de Residência tendem a se aglomerar nos arredores de Londres e no sudeste do país.