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Nesta Edição
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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Florisval Meinão


GESTÃO DA SAÚDE (pág. 4)
Pesquisa Datafolha e CFM


SAÚDE PÚBLICA (pág. 5)
Impacto da legalização das drogas


ESCOLAS MÉDICAS (pág. 6)
Abertura de cursos de Medicina


EXAME DO CREMESP (pág. 7)
Inscrições abertas


ELEIÇÕES CFM (págs. 8 e 9)
Novos conselheiros representam SP do CFM


SAÚDE MENTAL (pág. 10)
Prevenção do suicídio


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Debate sobre a importância do Revalida


ELEIÇÕES APM (pág. 12)
Conheça a nova diretoria


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Fotos de pacientes na internet


SERVIÇOS DO CREMESP (pág. 14)
Postos de arrecadação


TRIBUTOS (pág. 15)
Projeto parcela dívidas do ISS


BIOÉTICA (pág. 16)
Crianças desaparecidas


GALERIA DE FOTOS



Edição 318 - 09/2014

ENTREVISTA (pág. 3)

Florisval Meinão


“Abertura de novas escolas é uma irresponsabilidade do governo federal”

“Teremos um futuro preocupante, com aumento de processos éticos ou judiciais e um desprestígio cada vez maior da classe médica junto à sociedade”

A autorização indiscriminada para abertura de 39 novas escolas de Medicina no País é duramente criticada por Florisval Meinão, médico otorrinolaringologista, com doutorado pelo Iamspe, e presidente reeleito da Associação Paulista de Medicina (APM). Nesta entrevista ao Jornal do Cremesp, ele também comenta a necessidade de avaliação externa para egressos de Medicina e os resultados obtidos pelo Programa Mais Médicos. Fala ainda sobre o compromisso e responsabilidade da nova diretoria da APM, na gestão que se inicia, para que a entidade possa continuar exercendo importante papel na prestação de serviços para os médicos, na defesa de uma saúde de qualidade para a população e da valorização profissional do médico junto à sociedade.

 

O MEC autorizou recentemente a abertura de mais 30 escolas de Medicina no País. Qual será o impacto dessa política no ensino médico?
É uma irresponsabilidade o governo federal autorizar a abertura de escolas de Medicina em cidades onde não existem docentes nem hospitais ou rede ambulatorial voltados pa­ra o ensino. O governo permite essa abertura indiscriminada com objetivo estritamente político-eleitoral, deixando à margem o debate com o meio universitário, que teria muito a contribuir nesse tema.

 

Quais podem ser as con­se­quências dessa falta de hospitais-escola e de docentes?Com certeza teremos uma piora ainda maior na qualidade de formação desses médicos. Isto é particularmente perigoso, pois são profissionais que cuidam da vida humana, portanto coloca-se em risco a população que atendida por eles. Deve-se destacar que o reflexo desta situação se dará em um prazo de oito a dez anos, quando qualquer mudança de rumo será muito difícil. Provavelmente, no futuro, teremos um cenário preocupante, com aumento do número de processos éticos ou judiciais e um desprestígio cada vez maior da classe médica junto à sociedade.

 

O governo argumenta que o aumento do acesso ao atendimento em locais distantes se deu graças ao Programa Mais Médicos. Em sua opinião, isso de fato vem acontecendo?
O governo tem afirmado que o programa Mais Médicos teria propiciado um maior acesso ao atendimento por parte da população que reside em regiões mais distantes ou nas periferias dos grandes centros urbanos. Não temos como avaliar ou comprovar os números, até porque esses profissionais não se submetem à fiscalização dos Conselhos de Medicina. No entanto, sabe-se que a qualidade do atendimento não é boa. Muitos desses médicos vindos de Cuba foram alocados em postos de saúde ao lado de profissionais brasileiros que, desta forma, podem constatar a diferença qualitativa no atendimento. Parece-nos uma temeridade permitir que a população mais vulnerável, justamente aquela que necessitaria dos melhores médicos, seja atendida por profissionais de formação duvidosa.

 

Qual a alternativa para suprir a falta de médicos em regiões distantes e viabilizar a expansão da assistência com qualidade?
É preciso, em primeiro lugar, mudar profundamente a cultura da formação médica em nosso País. E criar um forte estímulo para que, desde os primeiros anos da faculdade, os alunos fizessem opção pelas áreas de Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Medicina da Família e Comunidade e até Ginecologia e Obstetrícia. Essas especialidades não são muito procuradas porque não trazem grande prestígio, a remuneração é menor e existem dificuldades diversas para a prática profissional.

Isso deve obrigatoriamente incluir os programas de Residência Médica, que precisariam formar esses profissionais com grande capacidade resolutiva. Alem disso, oferecer uma situação de trabalho bastante favorável, com boa remuneração, garantias trabalhistas, programa de atualização profissional constante e a possibilidade progressão por meio de uma carreira semelhante à existente no sistema judiciário.

 

O Exame do Cremesp com­pleta 10 anos com uma média superior a 50% de reprovação. Uma avaliação externa no final do curso deveria se tornar obrigatória em todo o País?
O exame realizado pelo Cremesp nos últimos anos tem dado uma contribuição enorme para o conhecimento quanto à qualidade da formação médica em nosso Estado, o que nos permite concluir que não é diferente em todo País. Os índices de reprovação são crescentes, chegando a números preocupantes. Diante desse quadro, considero fundamental a existência de uma avaliação externa para garantir que somente os profissionais com boa formação sejam disponibilizados para o atendimento à população.

 

O senhor acaba de ser reeleito presidente da Associação Paulista de Medicina (veja matéria na pág. 12). Quais as metas da nova diretoria?
Quero, em primeiro lugar, agradecer aos associados que aprovaram nosso trabalho à frente da APM nos últimos três anos e confiaram em nossa proposta para o futuro, reelegendo-nos com expressiva votação. Se isso, por um lado aumenta nossa responsabilidade, por outro, nos dá um forte estímulo de seguir em frente, buscando tornar a APM forte e representativa dos médicos de nosso Estado. Nos últimos três anos, a APM teve destacada atuação na luta por melhor remuneração junto aos planos de saúde, revertendo aquele cenário de perdas constantes que caracterizaram a década anterior. Temos ainda muitas perdas acumuladas e, dessa forma, muita luta pela frente, sendo este um importante compromisso de nossa futura gestão. Quanto ao SUS, a APM apoiou e participou de todas as tentativas de melhorar o seu financiamento, pois acreditamos que esse é o seu principal problema. Temos também um compromisso de, juntamente com o conjunto das entidades médicas, continuarmos essa luta, tendo como meta o investimento de 10% da renda bruta da União na Saúde.

 


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