

CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp

ENTREVISTA (pág. 3)
Florisval Meinão

GESTÃO DA SAÚDE (pág. 4)
Pesquisa Datafolha e CFM

SAÚDE PÚBLICA (pág. 5)
Impacto da legalização das drogas

ESCOLAS MÉDICAS (pág. 6)
Abertura de cursos de Medicina

EXAME DO CREMESP (pág. 7)
Inscrições abertas

ELEIÇÕES CFM (págs. 8 e 9)
Novos conselheiros representam SP do CFM

SAÚDE MENTAL (pág. 10)
Prevenção do suicídio

AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Debate sobre a importância do Revalida

ELEIÇÕES APM (pág. 12)
Conheça a nova diretoria

JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Fotos de pacientes na internet

SERVIÇOS DO CREMESP (pág. 14)
Postos de arrecadação

TRIBUTOS (pág. 15)
Projeto parcela dívidas do ISS

BIOÉTICA (pág. 16)
Crianças desaparecidas

GALERIA DE FOTOS

EDITORIAL (pág. 2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
Formando mais e formando mal
“A fragilidade da formação tem reflexo direto no crescimento de denúncias de erros médicos”
O Ministério da Educação (MEC) autorizou, no início de setembro, a abertura de mais algumas dezenas de faculdades de Medicina. Assim, desde então, 39 municípios estão liberados para criar cursos médicos; 14 deles no Estado de São Paulo. Outras sete cidades também receberam aval para ter suas próprias escolas de Medicina, desde que obedeçam a pequenas adequações solicitadas pelo MEC.
Em agosto último, o governo Dilma Rousseff havia alcançado um recorde jamais visto na história deste País. Em 44 meses de mandato, já autorizara o funcionamento de 62 novas faculdades médicas. O Brasil, do ano 2000 até agora, abriu 136 cursos de Medicina.
Para pensar: temos 242 escolas médicas. Mais da metade nasceu nos últimos 15 anos; as demais nos cinco séculos anteriores da história do Brasil.
Óbvio que isso não é nenhum indicador de avanço social. Para se ter uma ideia, a China, com 1,4 bilhão de habitantes, possui 150 faculdades de Medicina e os Estados Unidos, com cerca de 350 milhões de cidadãos, tem 141. Não é a quantidade de graduados que implica avanço dos indicadores de saúde, e sim a qualidade.
Fato é que estamos formando cada vez mais e cada vez pior. Pudera, a maior parte das novas escolas não conta com hospital para treinamento, não existem preceptores qualificados para fazer frente à demanda de novas vagas, as grades pedagógicas estão ultrapassadas e os empresários do ensino não mostram o menor compromisso com o social. Ao contrário, os olhos deles só veem cifrões.
Como as autoridades fazem vistas grossas a tais descalabros, o nível dos novos médicos cai vertiginosamente ano a ano. Em 2013, no Exame do Cremesp, 59,2% dos recém-formados em escolas médicas de São Paulo não atingiram a nota mínima para aprovação. Ou seja, não conseguiram responder corretamente a 60% dos testes propostos.
A fragilidade da formação tem reflexo direto no crescimento de denúncias de erros médicos. Também é eminente aumento de risco à saúde e à vida dos pacientes. Bom lembrar aqui que todos somos pacientes.
Registro que, em breve, teremos mais uma prova inequívoca do desserviço que a falta de uma política responsável para a educação de Medicina presta ao Brasil. Em 19 de outubro, realizaremos a edição 2014 do Exame do Cremesp para avaliar o grau de conhecimento de nossos jovens doutores.
As perspectivas são péssimas. Pelo andar da carruagem, em poucos anos, entrar em um consultório médico pode se transformar em novo fator de risco à saúde.
O diagnóstico está dado. Resta agir rapidamente para evitar mal maior.
Opinião
A arte da consulta
Alfredo de Freitas Santos Filho
Conselheiro do Cremesp
“O advento de novas tecnologias trouxe maravilhosos avanços em relação ao diagnóstico; porém, o que vem acontecendo é um excesso de solicitações de exames complementares”
Exercer a Medicina é atender à vocação para executar um talento natural. A consulta médica é uma das grandes artes da Medicina. É o primeiro contato que o profissional tem com o seu paciente que, por vezes, dá início a um relacionamento que perdura por toda a vida. Portanto, no ato da consulta, o médico deve sempre, conforme o Juramento Hipocrático, usar todas as forças e o melhor de sua capacidade, além de agir de forma honesta, clara, ética, responsável e efetiva. Para isso, deve usar todos os critérios aprendidos para uma anamnese bem-feita, aprofundar os questionamentos individuais e familiares ao examinado, seu passado de saúde, suas internações pregressas ou cirurgias realizadas. Enfim, tudo que possa nos levar a uma ideia de diagnóstico para se instituir um tratamento ou conduta adequada.
Numa segunda fase, após o raciocínio clínico e havendo necessidade, solicita-se exames complementares, tais como os laboratoriais, de imagem simples ou mais complexos. Tudo para auxiliar e jamais substituir o exame clínico, a fim de chegar ao diagnóstico.
O advento de novas tecnologias trouxe maravilhosos avanços em relação ao diagnóstico; porém, o que vem acontecendo é um excesso de solicitações de exames complementares. Chegamos a ver colegas que solicitam, acreditem, em torno de 60 exames complementares e de radiologia, de última geração, numa primeira consulta a pacientes jovens, sem maiores queixas que os justifiquem. Essa falta de bom senso está minando a arte da consulta! Para os pacientes, fica a ideia equivocada de que o bom médico é aquele que pede exames, o que desvaloriza e desestimula a mais antiga das artes da Medicina – a consulta. Além de gerar custos extraordinariamente elevados para os pacientes e onerar os convênios, inviabiliza, muitas vezes o merecido reajuste no valor das consultas. Por tudo isso, não é exagero chamar a análise criteriosa dos relatos do paciente, mais o uso de exames na medida certa, de arte médica.