CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
Ophir Cavalcante, presidente da OAB Nacional
PLENARIA TEMÁTICA (pág. 4)
Falta integração entre serviços de urgência e emergência
COMISSÃO PRÓ-SUS (pág. 5)
Fórum Sul-Sudeste analisa gestão e financiamento da saúde
CREMESP (pág. 6)
Eleita a quarta diretoria da Gestão 2008-2013
DEMOGRAFIA MÉDICA (pág. 7)
Em 2020, distribuição de médicos continuará desigual
ENSINO MÉDICO (págs. 8 e 9)
Registro profissional dependerá de participação no Exame do Cremesp
EXAME DO CREMESP (pág. 10)
Conselho apresenta nova resolução a entidades
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Perfil dos médicos brasileiros
CFM (pág. 12)
CRM digital e portal Saúde Baseada em Evidências
REGIONAIS (pág. 13)
Unidades do interior têm novo layout para melhor atender
INFORME TÉCNICO (pg. 16)
Atestado de óbito
GALERIA DE FOTOS
CFM (pág. 12)
CRM digital e portal Saúde Baseada em Evidências
Dois passaportes para o futuro
Desiré Carlos Callegari*
desire@portalmedico.org.br
“O portal Saúde Baseada em Evidências e o CRM digital contribuirão para a melhoria da vida de médicos e pacientes”
Os Conselhos de Medicina (o Federal e os Regionais) têm um histórico concreto de serviços prestados para a nossa categoria. Essas entidades possuem no gene a missão de defender a saúde da população e garantir o bom exercício profissional, sempre estimulando aspectos como a ética, a justiça e a busca permanente por conhecimentos.
Os conselhos investem em novas e velhas tecnologias e em estratégias para colocar ao alcance dos profissionais as ferramentas que elevam a Medicina a outro patamar. O benefício se estende aos mais de 370 mil médicos brasileiros.
Dois novos serviços estarão disponíveis brevemente a todos os médicos. O primeiro é um portal de conhecimento, na internet, o Saúde Baseada em Evidências, acessado por meio de um banner no site do CFM (www.portalmedico.org.br). Trata-se do resultado de uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes¬soal de Nível Superior (Capes), após mais de dois anos de negociação do CFM com o Governo. O pleito pela criação de um canal deste tipo, inicialmente feito apenas pelos médicos, acabou sendo liberado para inúmeros outros profissionais da saúde, beneficiando cerca de 1,8 milhão de pessoas.
Este portal alavancará os programas de educação continuada, dando acesso aos seus usuários ao que há de melhor na produção científica mundial. Com ajuda dos conteúdos cientificamente relevantes, os médicos poderão integrar o conhecimento às experiências clínica e de gestão.
Outro exemplo de serviço oferecido pelos Conselhos é prata da casa. O novo modelo de identidade profissional – o famoso CRM – contará com um chip. Quando ativado, o mecanismo permitirá a certificação digital dos atos – médicos e não médicos – de seu portador. Em outras palavras, estamos diante de um passaporte para o futuro.
O processo de implantação já se encontra em fase adiantada, sendo que, em breve, os médicos paulis¬tanos poderão solicitar o seu CRM digital na delegacia do Cremesp mais próxima. Em outros Estados – onde o projeto teve início como piloto –, a experiência tem agregado funcionalidades que tornam bem mais simples o dia a dia do profissional.
Vale ressaltar que o Conselho, preocupado com os custos, negociou com a Caixa Econômica Federal (CEF) a ativação dos chips de certificação digital a um preço abaixo dos praticados pela média do mercado. Ou seja, com um investimento de R$ 80, o médico terá seu CRM Digital ativo por até três anos. Com o documento, poderá, por exemplo, resolver pendências com a Receita Federal, assinar digitalmente contratos e prontuários eletrônicos. Além disso, terá uma cédula mais bonita e segura, confeccionada pela Casa da Moeda do Brasil, com uma série de elementos de segurança para evitar fraudes e contratempos.
Os Conselhos de Medicina estão fazendo sua lição de casa ao contribuir para melhorar a vida dos médicos e dos pacientes.
As eleições e os médicos
Renato Françoso Filho*
rfrancosof@gmail.com
“Grande parte de nossos pretendentes a cargos políticos não tem maturidade suficiente para entender o tamanho de sua responsabilidade”
Estão se iniciando, em todo o país, as campanhas eleitorais para prefeitos e vereadores, com pleito marcado para outubro. São 5.566 municípios em todo o Brasil e 645 no Estado de São Paulo. Vamos voltar a ver, nos programas eleitorais, mirabolantes e salvadores projetos para resolver de uma vez por todas os problemas de saúde das populações.
Teremos de ouvir que os antecessores foram incompetentes, mas que os candidatos deste momento têm a solução para todos os graves e até então insolúveis dramas a que está submetida a população – especialmente Saúde, Educação e Segurança. A história se repete, eleição após eleição. E vamos escolher o nosso candidato na esperança de que, desta vez, a coisa vai!
Para o cidadão comum, a vida acontece nas cidades. Ele não quer saber se falta financiamento federal ou estadual para resolver os problemas da sua qualidade de vida. Nem de onde vem o dinheiro, se vem ou deixa de vir. O que lhe interessa é o município onde mora, vive e cria seus filhos. É lá que estão os seus problemas e o prefeito precisa ter médicos para atender seu filho, familiares, amigos. Desde a vacina até a hemodiálise, passando pela internação e pelas cirurgias de amígdalas e do apêndice, é o prefeito quem tem que arrumar vagas no hospital, médicos e remédios. Se não tem médico no posto de saúde, no pronto-socorro, no ambulatório, e se há fila para cirurgia no sistema público de saúde é porque o prefeito não é competente.
E o pior é que é isto mesmo! Cabe aos prefeitos atenderem aos mais legítimos anseios da população de seus municípios. Desde que as cidades se organizaram da forma que as conhecemos, o poder político se dá e se materializa nesta urbe. Daí a necessidade de sistemas integrados capazes de hierarquizar os atendimentos e os recursos nos seus vários patamares de complexidade. O que emperra a roda é que grande parte de nossos pretendentes a cargos políticos não tem maturidade suficiente para entender o tamanho de sua responsabilidade e, a cada mandato, temos a destruição de tudo o que construiu seu predecessor. Muda-se o nome do projeto e modifica-se a estrutura administrativa apenas para dizer que estava tudo errado e que, daqui para frente, será feito o certo. Coloca-se a perder por vezes boas ideias porque não foram suas. Afastam-se pessoas competentes porque não são seus correligionários. Acabam com programas que deram certo porque não foram elaborados por estes.
Nós, médicos, agentes sociais que somos por vocação, comprometidos com os mais elementares direitos das populações, temos a obrigação de participar da vida social das cidades, ajudando a modificar este mesquinho e atrasado pensamento político do tempo “em que se amarrava cachorro com linguiça”, como se diz no interior. Ao termos possibilidade de ascender a cargos executivos, devemos fazer valer os princípios éticos que norteiam nossa profissão, colocando, à frente de vaidades e veleidades, os ideais primeiros de ser médico.