CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
Ophir Cavalcante, presidente da OAB Nacional
PLENARIA TEMÁTICA (pág. 4)
Falta integração entre serviços de urgência e emergência
COMISSÃO PRÓ-SUS (pág. 5)
Fórum Sul-Sudeste analisa gestão e financiamento da saúde
CREMESP (pág. 6)
Eleita a quarta diretoria da Gestão 2008-2013
DEMOGRAFIA MÉDICA (pág. 7)
Em 2020, distribuição de médicos continuará desigual
ENSINO MÉDICO (págs. 8 e 9)
Registro profissional dependerá de participação no Exame do Cremesp
EXAME DO CREMESP (pág. 10)
Conselho apresenta nova resolução a entidades
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Perfil dos médicos brasileiros
CFM (pág. 12)
CRM digital e portal Saúde Baseada em Evidências
REGIONAIS (pág. 13)
Unidades do interior têm novo layout para melhor atender
INFORME TÉCNICO (pg. 16)
Atestado de óbito
GALERIA DE FOTOS
ENTREVISTA (pág. 3)
Ophir Cavalcante, presidente da OAB Nacional
Exame contribuirá para que médicos sejam mais capacitados
“Nossa crítica é com relação às más escolas, que vendem sonhos, mas entregam pesadelos aos seus alunos”
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem conseguido, junto ao Ministério da Educação, reduzir as autorizações para funcionamento de novos cursos de Direito sem a devida qualificação. Nesta entrevista ao Jornal do Cremesp, Ophir Filgueiras Cavalcante Junior, presidente do OAB Nacional, relata a evolução desse mecanismo para melhorar o ensino do Direito no país e encara com otimismo a obrigatoriedade de participação no Exame do Cremesp. Ele apoia exames de proficiência em geral e acredita que não devem ser vistos como obstáculos, mas estímulo ao aperfeiçoamento profissional e aos investimentos em cursos mais bem equipados.
Tramita na Câmara Federal um projeto de lei que prevê a revogação da exigência do Exame da OAB. Por que a manutenção dele é importante para o exercício da advocacia?
Determinadas profissões que lidam com bens fundamentais aos cidadãos, como a vida (Medicina), a liberdade (Direito) e a segurança (Engenharia), devem receber um olhar mais rigoroso com o objetivo de proteger o cidadão contra os profissionais sem a adequada preparação para lidar com esses valores. O Exame de Ordem existe como proteção aos cidadãos, únicos destinatários desses serviços. Não se trata de reserva de mercado, pois, para a OAB, seria muito confortável ter 2 milhões de advogados e não somente os 750 mil existentes (que é um número bastante expressivo), já que a entidade não recebe recursos do Estado, sendo mantida com as anuidades pagas pelos advogados. Do ponto de vista da advocacia, é importante ter profissionais capacitados para defender o cidadão. A relevância da profissão não se mede pelo número de seus integrantes, mas pela qualificação destes, e a OAB quer uma advocacia preparada para combater o Estado – representado pelo Ministério Público (que é muito capacitado), de forma a permitir a igualdade entre acusação e defesa.
Durante a existência do Exame da OAB, houve mudanças em sua aplicação? Quando começou a unificação e por quê?
O Exame de Ordem só se tornou obrigatório a partir da edição da Lei Federal 8906/94, que é o Estatuto da OAB e da advocacia. Antes era facultativo e não se exigia daqueles que prestavam estágio supervisionado nas faculdades. Mas, com o tempo, foi aperfeiçoado. O Exame era ministrado pelas seccionais da OAB nos Estados. A partir de 2007, iniciou-se um movimento de unificação, o que aconteceu definitivamente com o envolvimento de todos os Estados, a partir de fevereiro de 2010. Com isso, proporcionamos uma melhor avaliação dos bacharéis, de modo igual, em todo o país. Também afastamos o preconceito de que quem se formava em faculdade do interior do Brasil era mal preparado. Estados pequenos do Nordeste, por exemplo, demonstram que a qualidade está ligada ao compromisso com o ensino, bons professores, avaliações sérias etc. O Exame de Ordem unificado passou a ser uma referência na avaliação do ensino e esperamos que o MEC, em breve, o adote, como a OAB o faz, para analisar os pedidos de criação e de reconhecimento.
O índice de aprovação no Exame da OAB foi de quase 25% em 2012. Nos últimos anos, houve mudanças no desempenho dos candidatos? O que tem ocorrido?
Com seriedade e um certo rigor no Exame, vimos uma maior preocupação das escolas com a melhoria do ensino e dos próprios alunos, o que gerou resultados significativos em várias faculdades. O percentual fica baixo quando se vê faculdades que aprovam entre 5% e 10% mas, em termos absolutos, mais de 70 mil candidatos por ano passam no Exame, o que é mais que todos os advogados da França desde quando a advocacia passou a existir naquele país.
Quais são as bases do Exame da OAB? Qual a relação direta do índice de aprovação com a melhor qualificação profissional do advogado no Brasil?
Não por coincidência, mas por ser um fato concreto, as faculdades mais bem equipadas e preocupadas com a qualidade obtêm os melhores índices de aprovação. O que só corrobora nosso ponto de vista, segundo o qual é preciso disseminar esta verdade para todos os cursos jurídicos. Isso acontece sobretudo com as faculdades federais, mas muitas particulares praticam ensino de excelência. A OAB não se posiciona contra o ensino jurídico, pois isto seria um contrassenso. Nossa crítica é com relação às más escolas, ao truque usado por algumas direções inescrupulosas, que vendem sonhos mas entregam pesadelos aos seus alunos.
O Exame conseguiu coibir a má qualificação das faculdades de Direito? O que a OAB tem feito no sentido de combater a proliferação de escolas ruins?
A OAB, sempre que pode, denuncia esse estado de coisas, mas o poder de fiscalização é do Estado. Nesse sentido, temos procurado manter um diálogo permanente com o Ministério da Educação e alguns avanços foram obtidos. Por exemplo, foi dado um freio no mecanismo de autorização para funcionamento de novos cursos. Há pessoas sensíveis, dentro do MEC, preocupadas com a má qualidade do ensino, que não é exclusiva do Direito, pois atinge outras áreas.
Como vê a proposta de obrigatoriedade do Exame do Cremesp para médicos recém-formados?
Exames de proficiência são bem-vindos em todas as áreas e não devem ser vistos como obstáculos. Antes, é um estímulo ao aperfeiçoamento profissional. Portanto, a iniciativa é digna de aplausos. Pelas razões às quais me referi, mas com todo o cuidado de não interferir em um tema que desperta fortes discussões numa área que não é o Direito, o Exame certamente irá contribuir para que tenhamos profissionais mais capacitados. Além de estimular investimentos para que os cursos sejam mais bem equipados. A sociedade agradece.