CAPA
EDITORIAL (JC pág. 2)
“Seguiremos firmes na defesa da carreira de Estado, da ampliação da Residência Médica e da qualificação dos cursos de Medicina.”
ENTREVISTA (pág. 3)
Antonio Carlos Forte, superintendente da Sta. Casa de Sâo Paulo
ESCOLAS MÉDICAS (pág. 4)
A abertura de novas escolas e o futuro do ensino médico no país
INFRAESTRUTURA (pág. 5)
Nova resolução pode contribuir para a modernização de clínicas privadas
MEDICINA DE TRÁFEGO (pág. 6)
Educação pode reduzir o número de acidentes fatais no trânsito
SAÚDE DA MULHER (pág. 7)
O parto domiciliar na visão da Câmara Técnica de Saúde da Mulher do Cremesp
SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 8)
Assembleia estadual está agendada para 30 de junho, na APCD
CIRURGIA PLÁSTICA (pág. 9)
Normatização traz maior segurança para procedimentos da especialidade
CONED (pág. 10)
Projeto é apresentado ao Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas
ANVISA (pág. 11)
Reuniões com a Anvisa discutem anorexígenos e comercialização de materiais especiais
COLUNA DO CFM (pág. 12)
Representantes do Estado de São Paulo no CFM
EDUCAÇÃO CONTINUADA (pág. 13)
Interior paulista sedia módulos de atualização profissional do Cremesp
LEGISLAÇÃO (pág. 14)
Resolução CFM nº 1.965/2011
ÉTICA E BIOÉTICA(pág. 15)
Orientações práticas da Associação de Medicina Intensiva Brasileira
SAÚDE DA FAMÍLIA (pág. 16)
Parecer aprovado pela CT de Bioética responde à dúvida de colega sobre prontuário familiar
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL (JC pág. 2)
“Seguiremos firmes na defesa da carreira de Estado, da ampliação da Residência Médica e da qualificação dos cursos de Medicina.”
Meio milhão de médicos?
Renato Azevedo Júnior
Presidente do Cremesp
Para o governo federal, o atual contingente de 370 mil médicos em atividade no Brasil é insuficiente para as necessidades do sistema de saúde. O país precisaria, então, de mais 120 mil médicos até atingir meio milhão de profissionais.
A meta divulgada não tem sustentação. Copiou-se a proporção de 2,5 médicos por mil habitantes, média de 30 países, principalmente europeus, que nada têm a ver com as dimensões do Brasil.
A cantilena, todos conhecemos: não há médicos em mais de 350 localidades remotas, não há médicos para ocupar as supostas 500 unidades de pronto atendimento (UPAs) prometidas em campanha, não há médicos para atuar na Estratégia de Saúde da Família, não há médicos nas periferias dos grandes centros etc.
Criou-se o falso dilema da escassez ou excesso de médicos no Brasil, com uma avaliação incompleta a partir de postos de trabalho não ocupados e da relação entre o número de médicos e habitantes. A inadequação da oferta pouco tem a ver com o quantitativo de médicos, mas com as desigualdades geográficas, as jornadas excessivas, os vínculos precários de emprego, os baixos salários, a ausência de carreira de Estado, as más condições de trabalho e até a falta de segurança.
Fazer crescer o número de médicos não é a solução. Prova disso vem da cidade de São Paulo, que concentra um médico para cada 230 habitantes e, mesmo assim, sofre com a falta de profissionais nos bairros periféricos.
O velho argumento é seguido das propostas equivocadas de abertura de mais escolas médicas, em um país que já conta com 181 cursos de medicina, muitos deles incapazes de formar bons médicos, de serviço civil voluntário para recém-formados ou de revalidação automática de diplomas estrangeiros.
O caminho proposto pelo Cremesp é o que mais interessa à saúde dos brasileiros. Seguiremos firmes na defesa da carreira de estado para os médicos do SUS, da ampliação da Residência Médica, da qualificação da graduação, contra a abertura indiscriminada de novas escolas, pelo fechamento dos cursos mal estruturados e avaliação externa dos egressos.
Opinião
A condição humana
Mauro Aranha de Lima
Vice-presidente do Cremesp
“É essa a sociedade que queremos? O que fazemos para modificar seu curso?”
O massacre na escola do Rio de Janeiro e os recentes casos de bebês abandonados no lixo, no interior de São Paulo, chocaram a sociedade.
No passado, a “roda dos expostos” nas Santas Casas de Misericórdia sinalizava que, ao menos ali, crianças enjeitadas podiam sobreviver, protegidas da fome, do frio e das mordidas dos cães e, após devidamente nutridas, podiam ser destinadas à inserção social.
Crianças são vítimas de violência desde há muito. Nas escolas, nos próprios lares, em todos os sítios da comunidade, até mesmo na intimidade de instituições religiosas ou de saúde ocorrem privação afetiva, agressões físicas, alienação parental, bullying, pedofilia.
Ocultas ou mais visíveis, essas formas de violência conduzem as crianças vitimadas a um futuro trágico de agravos em saúde mental. Ora serão irreversivelmente tristes e desesperançadas, menos resilientes aos estresses habituais da vida, depressivas, fóbicas ou frias. Ora serão elas próprias violentas, para sempre destinadas aos sofrimentos injustos que se transformam em vingança.
Em face dos avanços da tecnociência, estamos a ponto de propor a ampliação do critério de vida, de homem e até mesmo de identidade. Mas, qual foi até aqui a evolução moral e ética desse mesmo homem, tecnologicamente admirável?
Mais do que resposta, deixo para Freud, em “O mal estar na civilização”, o incitamento à meditação: “a questão decisiva para a espécie humana é saber se, e em que medida, a sua evolução cultural poderá controlar as perturbações trazidas à vida em comum pelos instintos humanos de agressão e autodestruição.
(...) Atualmente, os seres humanos atingiram um tal controle da natureza, que não lhes é difícil recorrerem a ela para se exterminarem até o último homem. Eles sabem disso; daí, em boa parte, o seu atual desassossego, sua infelicidade, seu medo. Cabe agora esperar que a outra das duas potências celestiais, o eterno Eros, empreenda um esforço para afirmar-se na luta contra o adversário igualmente imortal. Mas quem pode prever o sucesso e o desenlace?”