CAPA
EDITORIAL (JC pág. 2)
PL que regulamenta a medicina retorna para o Senado Federal, após aprovação na Câmara
ENTREVISTA (JC pág. 3)
Claudio Giulliano Alves da Costa, presidente da SBIS
ATIVIDADES (JC pág. 4)
Módulos de atualização profissional e homenagens pelo Dia do Médico pautaram o mês
EXAME (JC pág. 5)
A segunda fase da 5ª edição da avaliação foi realizada em 25 de outubro
GERAL (JC pág. 6)
Irregularidades pairam sobre indicação da nova diretoria da Agência Nacional de Saúde
ATO MÉDICO (JC pág. 7)
Após sete anos de tramitação no Congresso, regulamentação da profissão é aprovada
ÉTICA MÉDICA (JC pág. 8)
Acompanhe pontos importantes da 8ª edição do encontro, que contou com experts nacionais e internacionais
GERAL 2 (JC pág. 10)
Novos nomes à frente do Conselho Federal tomaram posse dia 1º de outubro
GERAL 3 (JC pág. 11)
Coluna dos novos representantes do Estado de São Paulo no CFM
ALERTA ÉTICO (JC pág. 12)
Análises do Cremesp ajudam a prevenir falhas éticas causadas pela desinformação
GERAL 4 (JC pág. 13)
Conheça o trabalho desenvolvido pelo Programa de Educação em Saúde no mês de setembro
Geral 5 (JC pág. 15)
Confira se você necessita atualizar seus dados junto ao nosso Setor de Cadastro
ESPECIALIDADE (JC pág, 16)
Série de matérias especiais sobre especialidades médicas
GALERIA DE FOTOS
ESPECIALIDADE (JC pág, 16)
Série de matérias especiais sobre especialidades médicas
CIRURGIA PEDIÁTRICA
Um adulto pode ser seguramente tratado como uma criança, mas o contrário pode ser desastroso
“Quem tem plenas condições de fazer cirurgias pediátricas é o médico que se especializa durante cinco anos para realizá-las. Ele se torna o profissional mais habilitado para atuar na área”, afirma Roberto de Souza Baratella, presidente da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (Cipe), sobre a importância da formação de cirurgiões pediátricos no país. A necessidade de fazer um procedimento cirúrgico diferenciado em crianças demandou o surgimento de um profissional especializado na atividade. Atualmente, somente no Estado de São Paulo, existem 147 profissionais registrados na especialidade.
A história da medicina pediátrica remonta ao século 16, com as primeiras publicações do médico cirurgião suíço Félix Wurtz; ao século 19, com o médico inglês Foster e o francês Guersant; e ao século 20, com o americano William Ladd.
Em 1802 surgiu na França o que foi considerado o primeiro hospital pediátrico do mundo. O L’Hospital des Enfants Malades foi criado a partir do conceito de que as crianças deveriam ter um atendimento diferenciado, separado dos adultos. O sucesso da ideia fez com que ela fosse aplicada também em outros países, como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. A partir de tais experiências começou-se a fazer um esboço da pediatria como especialidade. Mas somente a partir de 1920 surge a era moderna da cirurgia pediátrica, com os médicos William Ladd e Robert Gross, do Children’s Hospital de Boston, nos Estados Unidos.
Com os trabalhos desenvolvidos por esses médicos e outros localizados na Inglaterra e na França, começam a surgir mais publicações como o livro publicado em 1941, por Ladd e Gross, Abdominal Surgery of Infancy and Childhood, que criou expressões e fundamentos científicos para explicar a causa das mortes infantis da época. Uma frase muito utilizada pelos cirurgiões pediátricos de então para justificar a especialidade é que “um adulto pode ser seguramente tratado como uma criança, mas o contrário pode ser desastroso”.
A Scottish Surgical Paediatric Club foi a primeira associação de especialistas da área, formada em 1948, na Escócia. Já no Brasil, os primeiros procedimentos cirúrgicos pediátricos tiveram início em 1902, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, realizados por ortopedistas do hospital. Entretanto, a introdução dos procedimentos realizados por especialistas da área só foi possível graças ao médico Virgílio Alves de Carvalho Pinto, no final da década de 1940, enquanto atuava no Hospital Matarazzo, em parceria com os médicos Roberto de Vilhena Moraes, José Pinus, Plínio Campos Nogueira e, posteriormente, José Reis Gonçalves Salvador.
Segundo Baratella, experiências parecidas também foram realizadas em outros centros urbanos do país, porém o médico Carvalho Pinto recebeu o mérito pelo pioneirismo. “Ele não foi o primeiro a operar crianças em nosso meio, mas foi, sem dúvida, o que mais contribuiu para a solidificação da especialidade; e a ele se atribuem o marco e o pioneirismo da cirurgia pediátrica no Brasil, também por ter sido o fundador e primeiro presidente da Cipe, em 1964.”
Em 1965, foi criado o primeiro programa de Residência Médica em Cirurgia Pediátrica em São Paulo, no Hospital Infantil Darcy Vargas, pelos médicos Plínio Nogueira e Manoel Reis Salvador, orientados pelo professor Virgílio. Outro grande feito na área foi a criação, em 1973, da World Federation of Association of Pediatric Surgeons (Wofaps), que promoveu o maior congresso da especialidade até então, com 1.285 participantes de 43 países. Hoje, mais de 70 associações de cirurgia pediátrica do mundo participam da iniciativa, além de órgãos como Unicef, Unesco e Organização Mundial de Saúde.
Sociedade de Especialidade
Em 1964, foi criada a Cipe, em função da necessidade de os médicos especialistas se fortalecerem, a exemplo do ocorrido na Argentina, com a criação da Sociedad Argentina de Cirugía Infantil (Saci). Nesses 65 anos, a associação presenciou grandes avanços dentro da especialidade, à medida em que aumentavam a pesquisa e o conhecimento na área e se introduziam novas técnicas cirúrgicas. Baratella destaca a evolução da cirurgia neonatal, nos aspectos da manipulação técnica e suporte à vida, além do tratamento de tumores malignos em crianças, como pontos importantes observados nesse período. “Podemos dizer, também, que a viabilização do suporte nutricional parenteral, em 1968, dividiu a cirurgia pediátrica em antes e depois”, ressalta o médico.
Sobre os próximos desafios da especialidade, Baratella destaca como prioridade a necessidade de melhorar a remuneração do cirurgião pediátrico e a criação de centros de aperfeiçoamento em urologia, cirurgia oncológica pediátrica e queimados. “Estamos investindo muito na melhoria contínua da qualidade de atuação do cirurgião pediátrico, no sentido de que a assistência por ele prestada seja a mais perfeita possível, até porque estamos nos referindo a pacientes com sobrevida estimada em 70 anos”, finaliza.
Câmara Técnica de Cirurgia Pediátrica
Integrantes da Câmara Técnica de Cirurgia Pediátrica do Cremesp se reúnem mensalmente
Normatizar as ações da especialidade, além de emitir pareceres técnicos e responder a consultas de demandas, do Conselho ou externas, são os objetivos da Câmara Técnica de Cirurgia Pediátrica do Cremesp, criada em 2003. A iniciativa se concretizou em função da necessidade do Cremesp e da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE) em solucionar problemas relativos aos desvios de conduta da especialidade.
Para tanto, buscaram-se grupos de professores especialistas em cirurgia pediátrica em escolas médicas paulistas, que passaram a integrar a Câmara. Segundo o conselheiro e coordenador da CT de Cirurgia Pediátrica, Rui Telles Pereira, um dos procedimentos em que a Câmara necessitou criar norma foi o de cirurgia fetal, feito até então sem regulamentação específica e, portanto, suscetível a danos ao paciente. “O papel da Câmara de Cirurgia Pediátrica é lutar para que os procedimentos sejam os mais padronizados possíveis, e que médicos despreparados não possam atuar na área”, explica Pereira.
As reuniões da Câmara são realizadas um vez por mês e contam com os seguintes médicos membros: Marisa Broglio Vasques, Giovanni Cappellano, José Carnevale, José Luiz Martins, José Ozório de Oliveira Lira, José Roberto de Souza Baratella, Manoel Carlos Prieto Velhote, Pedro Luiz de Brito, Pedro Muñoz Fernandez, Roberto Antonio Mastroti, Roseli Giudici, Sérgio Tomaz Schettini e Clóvis Marcello de Sá e Benevides.